Resenha de Delírio – Lauren Oliver

delirio

Lena Haloway vive em uma época em que o amor delíria nervosa, ou simplesmente o amor, é considerado a pior doença do mundo. E em Portland, onde ela vive com seus tios e primas, a patrulha anti-delíria é pesada: reguladores monitoram o comportamento dos civis e realizam batidas-surpresa; a intervenção que promete a cura eterna é obrigatória para maiores de 18 anos, que também são avaliados e pareados; e o toque de recolher para os não-curados é extremamente rígido. Lena, cuja família é marcada pela doença, acredita que todas estas imposições das autoridades são para a proteção e segurança da sociedade. Mas será que ela mudaria de ideia se conhecesse os reais efeitos do delíria?

A dinâmica da sociedade criada por Lauren Oliver em Delírio lembra o clássico Jogo da Vida, em que as pessoas seguem sempre um roteiro pré-estabelecido. A diferença é que em um mundo em que o amor é considerado uma doença, meninos e meninas não-curados não podem interagir e qualquer contato mais íntimo entre adultos é passível de acusações graves e medidas drásticas. No entanto, como em qualquer distopia, o regime ditatorial, ainda que seja capaz de alienar por meio de um disfarce de proteção e segurança, gera um movimento de resistência, ora agressivo, ora discreto, mas sempre munido de certa rebeldia.

No início de Delírio, Lena se mostra totalmente a favor da ditadura anti-delíria, ao mesmo tempo que atos falhos denunciam uma resistência velada. Mas, por vir de uma família que sofreu diretamente os efeitos da doença, ela luta contra qualquer indício de que o amor possa correr também por suas veias. É evidente que, em algum momento, Lena mudará de lado, mas é curioso que as primeiras manifestações pró-delíria venham de Hana, sua melhor amiga que, apesar de parecer levar uma vida que chega perto da perfeição, também guarda segredos.

A obra de Lauren Oliver tem um ritmo rápido e envolvente, aborda sentimentos conflitantes e temáticas complexas por meio de personagens densos e cheios de bagagem. Com desfecho que se torna uma surpresa porque é algo que, por um lado, é o mais provável, mas, por outro, é praticamente impossível, Delírio é o início perfeito para uma saga como esta.

Título original: Delirium
Editora: Intrínseca
Volumes seguintes: Pandemônio Réquiem AnnabelHana, Raven (leituras complementares não publicadas no Brasil e disponíveis apenas em e-book) e Alex (leitura complementar não publicada no Brasil e disponível após o final do exemplar físico e americano de Requiem)
Autor: Lauren Oliver
Ano: 2011
Publicação original:  342

22 comments

  1. Recomendação minha e fico feliz que tenha gostado! É uma das minhas distopias favoritas e até hoje não sei de que lado eu ficaria!! Rsrsrs
    A Lena me irrita d+… Menininha chata e cheia de mimimim. Peloamor…

  2. […] Delírio: a saga de Lauren Oliver estava no meu top 10 até a última noite, quando terminei de ler A Esperança, da série Jogos Vorazes. Não pensem que não me doeu tirar Delírio da lista de preferidos do ano, mas é que a saga de Suzanne Collins parece combinar doses mais certeiras de romance e guerra. […]

  3. […] Delírio, de Lauren Oliver: a premissa de um mundo em que o amor é considerado uma doença me chamou muito a atenção e a saga de Lauren Oliver não deixou a desejar – e ainda me fez ir atrás de outras distopias. Delírio reúne muitos aspectos que caracterizam uma distopia: o governo totalitário, a violência, a desigualdade, a desumanização e a ética. Como não poderia deixar de ser, a série ainda envolve muito romance e nos faz refletir sobre a falta de amor e compaixão no mundo real. […]

  4. […] série quando li apenas o primeiro livro. Talvez eu tenha ficado mal acostumada com Jogos Vorazes, Delírio e Divergente, que me conquistaram logo nas primeiras páginas dos primeiros capítulos. Mas posso […]

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