
Na Londres do futuro, a engenharia genética é capaz de criar a sociedade “perfeita”, na qual os seres humanos são separados em cinco castas: Alfa, Beta, Gama, Delta e Ípsilon. A felicidade constante, principal ingrediente para o “sucesso” da sociedade, é alcançada por meio da alienação (lavagem cerebral + doses de soma), enquanto a solidão é vista como uma das principais inimigas e é evitada por meio da promiscuidade (“cada um pertence a todos”). Bernard Marx, no entanto, aprecia a individualidade e, apesar de ser um Alfa, sofre preconceito por ser fisicamente diferente dos demais. Em uma viagem turística à Reserva, onde a humanidade ainda vive como no passado, Bernard conhece o selvagem John e tem todas as suas convicções testadas.
Toda distopia leva um (ou mais) ponto de conflito/reflexão da humanidade/sociedade a um extremo e, assim, cria um cenário apocalíptico e opressor. Em Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley fez o mesmo, mas é tão certeiro que me fez questionar se, lá em 1932, já era tão óbvio que o futuro seria muitas vezes vazio, superficial e até assustador. Na sociedade criada pelo autor, a estética é uma preocupação constante, o que me remeteu imediatamente à busca incansável pela perfeição física que vivemos atualmente. Além disso, as pessoas são condicionadas a serem iguais entre si e o diferente se torna alvo de preconceito e discriminação, o que também não é muito diferente do presente.
Na trama de Huxley, a promiscuidade é vista como algo normal e indispensável para o bem-estar e, nos dias de hoje, muitas pessoas parecem pensar que a monogamia e a felicidade são incompatíveis. A estabilidade emocional é considerada fundamental e, no livro, é alcançada por meio do soma, que pode ser o equivalente aos antidepressivos receitados hoje em dia.
– Sim. ‘Todos são felizes agora’. Nós começamos a dar isso às crianças a partir dos cinco anos. Mas você não deseja ter liberdade para ser feliz de algum outro modo, Lenina? De um modo pessoal, por exemplo, não como os outros?
Embora já soubesse que Admirável Mundo Novo é o pai das distopias, gênero que faz tanto sucesso hoje em dia, foi divertido ver que muitos best-sellers atuais realmente se inspiraram na obra de Aldous Huxley: as castas se transformaram em facções e distritos em Divergente e Jogos Vorazes, respectivamente, e foram batizadas por números em vez de letras do alfabeto grego em A Seleção; os selvagens aparecem sob a mesma nomenclatura em Delírio e também ganharam outras versões em algumas das demais obras distópicas; o soma talvez tenha servido de inspiração para as pílulas de Destino; a alienação por parte da sociedade e a manipulação de informação ficam claras também na maioria dos livros do gênero, assim como a tirania do governo/liderança.
– Livraram-se deles. Sim, é bem o modo de os senhores procederem. Livrar-se de tudo o que é desagradável em vez de aprender a suportá-lo. […] Não sofrem e não enfrentam. Suprimem, simplesmente, pedras e as flechas. É fácil demais.
Admirável Mundo Novo não é a leitura mais dinâmica e fluida do mundo, ainda mais para quem – como eu – está acostumado com livros contemporâneos. No entanto, não chega a ser cansativa, apenas exige mais atenção e concentração para absorver todas as informações, já que tanto explicações extensas como detalhes nas entrelinhas fazem parte da obra. E, embora a ciência seja a base da trama de Aldous Huxley, outras questões, como moral e até religião, são discutidas, o que torna a história ainda mais rica. As divagações e dilemas dos personagens são profundos e, muitas vezes, surpreendentes, o que faz com que o livro não termine ao final da leitura e se transforme em reflexões na cabeça do leitor.
Título original: Brave New World
Editora: Globo
Autor: Aldous Huxley
Publicação original: 1932
[…] 3. Admirável Mundo Novo Título original: Brave New World Autor: Aldous Huxley Ano: 1932 Páginas: 314 Tempo de leitura: 6 dias Avaliação: 4 estrelas Leia a resenha aqui! […]
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