Piscine Molitor Patel, ou apenas Pi Patel, é um garoto que vive em Pondicherry, na Índia, onde sua família é dona de um grande zoológico. Apesar de obter certo sucesso com o negócio, o pai de Pi decide vender os animais e recomeçar a vida no Canadá. Após negociar algumas espécies, a família Patel segue viagem em um cargueiro, onde também são transportados alguns dos ex-habitantes do zoológico. No entanto, no meio do trajeto, uma forte tempestade ocasiona o naufrágio do navio, ao qual sobrevivem apenas Pi, um orangotango, uma hiena, uma zebra e Richard Parker, um tigre-de-bengala.
As Aventuras de Pi não deveria se chamar As Aventuras de Pi e, sim, A Vida de Pi, como em seu título original (Life of Pi). Isso porque a história é muito mais do que uma aventura, por mais espetacular que ela seja. Na obra, uma versão mais velha de Pi conta sua trajetória em primeira pessoa para um interlocutor, que também faz algumas observações durante o livro. No início, o protagonista conta um pouco de tudo, desde como funciona um zoológico até como surgiu seu peculiar nome.
E o primeiro ponto a chamar a atenção é como ele fala sobre religião. Pi nasceu hindu, mas, um dia, conheceu e se interessou pelo Cristianismo. Em seguida, ele foi apresentado ao Islã e “se tornou” também muçulmano. Os mais conservadores podem torcer o nariz logo de cara, mas a verdade é que Pi trata as religiões como diferentes caminhos em direção ao mesmo objetivo (amar a Deus, seja ele qual for) e, o mais importante, como algo capaz de agregar e não segregar.
Iniciamos a leitura sabendo que Pi sobrevive e descobrindo algumas coisas a seu respeito que, na verdade, não irão fazer grandes diferenças na história que vem a seguir. Mas, ainda assim, e mesmo a aventura demorando a começar, é impossível ficar entediado – afinal, queremos saber, como um garoto poderia sobreviver por 227 dias em alto mar, na companhia de um tigre-de-bengala? No entanto, conforme a história se desenrola, o desfecho vira quase detalhe. Porque a aventura de Pi é como uma metáfora extrema e radical da nossa própria vida: uma trajetória, na maioria das vezes, longa, permeada por momentos de otimismo e pessimismo, medo e coragem, alegria e tristeza, esperança e descrença. Também repleta de dor e sofrimento, mas abastecida por momentos de pequenas satisfações ou felicidade plena.
E se engana quem pensa que Pi não mantém o senso de humor durante sua longa aventura. Mesmo em condições tão extremas, ele ainda é capaz de fazer piadas e observações bem-humoradas. O sarcasmo, a ironia e até um pouco de amargura estão presentes em todas elas. Mas como poderíamos esperar um humor doce, fofo e inocente de um garoto na situação em que Pi se encontra?
Por fim, poderíamos dizer que As Aventuras de Pi é sobre esperança, coragem ou até resistência. E não estaríamos errados. Mas a verdade é que a história pode ser sobre essas e muitas outras coisas, no entanto, a principal delas é, sem dúvida, a superação. Ao finalizar a leitura, percebemos que talvez o sofrimento seja capaz de distorcer fatos, amenizar, acentuar ou até ignorar os detalhes de uma grande história. Mas o melhor é também descobrirmos, ou simplesmente lembrarmos, que só existe um lugar de onde a força e a vontade devem vir: de dentro de nós, pois somos nossos melhores amigos e inimigos.
E não é preciso se ver em um bote salva-vidas na companhia de um tigre-de-bengala – situação que, com sorte, a maioria de nós não terá a chance de viver – para entender que ser forte, às vezes, significa também se permitir enfraquecer. Porque, no final, tudo passa e só o que fica é o aprendizado, ainda que em forma de cicatrizes.
Título original: Life of Pi
Editora: Ediouro
Autor: Yann Martel
Publicação original: 2001
Gente, que resenha linda… Compartilho o sentimento com a leitura do livro.
Um dos melhores livros que li na vida… O tipo de livro que te faz refletir de tds as formas qdo vc termina.
<3 Obrigada, Ká. Esse livro foi um dos melhores de 2013 e acho que, um dia, daqui alguns anos, vou querer relê-lo!
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