Tudo o que Édipo queria era fugir de seu final trágico. Mas foi exatamente até lá que seu novo caminho o conduziu.
Depois de saber, por meio do Oráculo de Delfos, que estava destinado a matar o pai e casar-se com a própria mãe, Édipo decidiu deixar Corinto. Foi se refugiar em Tebas, onde descobriu sua verdadeira história e a força de uma profecia.
Você provavelmente já ouviu falar de Édipo Rei. Trata-se de um verdadeiro símbolo da tragédia grega clássica e também a obra mais famosa de Sófocles. O autor, por sua vez, foi um dos mais célebres escritores de tragédias gregas, ao lado de Ésquilo e Eurípedes. Escrita em 427 a.C., a história foi eternizada de maneira que nem mesmo o tempo e a evolução da literatura foram capazes de diminuir sua importância – pelo contrário: quanto mais os anos passam, mais essa obra se torna valiosa e atemporal.
A trama de Édipo Rei é praticamente de conhecimento geral – e não por acaso, daí vem o termo “Complexo de Édipo”, criado por Freud. Mas gosto de pensar na revolução literária que foi, na influência que é até hoje e no choque que vem causando desde sua publicação – afinal, estamos falando sobre patricídio e incesto. E quando falamos em “revolução”, não é força de expressão! Entre as tragédias gregas, Édipo Rei inovou ao introduzir um terceiro ator (ou tritagonista) na peça, possibilitando mais interação entre os personagens.
E assim, Sófocles foi capaz de trazer um novo nível de complexidade à história, assim como mergulhar um pouco mais nas tensões psicológicas de Édipo. A forma como a obra foi construída explora mais do que a inevitabilidade das tragédias gregas. Isso porque, contribuindo para o cumprimento da profecia, o protagonista tem sua hamartia (ou “falha trágica”) na forma de ignorância, precipitação e arrogância.
O mais incrível é que, tantos anos depois de Sófocles escrever Édipo Rei, a humanidade ainda reflete sobre o cerne da obra. Afinal, nosso destino também é, de uma certa forma, uma profecia ou somos nós os responsáveis por escrevê-lo?
Título original: Oidípous Týrannos
Autor: Sófocles
Ano: 427 a.C.