Livro x Filme: Para Sempre Alice

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Na maioria das vezes, a minha vontade de ler um livro nasce antes do desejo de assistir à adaptação cinematográfica. No entanto, com Para Sempre Alice (resenha aqui) foi justamente o contrário: assim que li a sinopse e soube que a protagonista seria vivida por Julianne Moore, decidi ler a obra de Lisa Genova apenas para assistir ao filme depois (e botar defeito, claro, hehe). E aqui está minha resenha da adaptação de Para Sempre Alice.

Logo no início, quem leu Para Sempre Alice irá sentir que o filme apertou o botão Fast Forward, pois tudo acontece muito rápido. E eu até entendo que não dá para ficar “enrolando” o espectador, ainda mais com algo que ele já sabe, pois está na sinopse. Mas o longa é relativamente curto (apenas 101 minutos) e acredito que algumas mudanças, como o fato de Alice logo contar a John que foi diagnosticada com a doença de Alzheimer, foram desnecessárias e acabaram amenizando alguns dos principais dramas e dilemas da protagonista.

Também senti muita falta (e esta considero uma falha quase grave) de ver um pouco mais do lado profissional de Alice. No livro, fica claro que o que a personagem mais valoriza e mais teme perder é justamente seu conhecimento intelectual, base sobre a qual construiu toda a bem-sucedida vida profissional. Já no filme, acredito que esta problemática não fique tão clara e ignorar a existência de Dan, o orientando de Alice no livro, é também ignorar um pouco do ponto principal do grande dilema da personagem.

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Poderíamos dizer que estas mudanças foram feitas a fim de focar mais no lado pessoal e humano da história, como por exemplo, em como a família poderia lidar com toda a situação. Mas a verdade é que nem esse aspecto é tão bem explorado, o que não justifica as alterações. Também senti falta de outras cenas, que acho que seriam bastante impactantes e ilustrariam bem o drama da situação, do grupo de apoio idealizado por Alice e da ideia dos DVDs que Lydia fez para a mãe. Por outro lado, o discurso de Alice sobre a convivência com a doença foi muito melhor e mais tocante no filme. Já do ponto de vista “técnico” (não que eu entenda), gostei bastante do recurso de blur que os diretores usaram para ilustrar os momentos de “apagão” de Alice.

Alec Baldwin e Kate Bosworth personificaram bem John e Anna, a filha mais velha de Alice, mas sem grandes destaques. Já a personagem de Kristen Stewart, a caçula Lydia, exigiria, na minha opinião, uma atuação vibrante, que misturasse rebeldia e sensibilidade. E todo mundo sabe que a atriz não é exatamente um símbolo de vivacidade, por isso, deixou a desejar, sim. E se o filme ou o elenco não são tão extraordinários quanto poderiam ser, Julianne Moore recompensa o espectador com uma atuação impecável e realmente digna do Oscar: dramática e devastadora, mas regada a senso de humor e certa pureza.

Título original: Still Alice
Diretores: Richard Glatzer e Wash Westmoreland
Ano: 2015
Minutos: 101
Elenco: Julianne Moore, Alec Baldwin, Kate Bosworth, Kristen Stewart e Hunter Parrish
Avaliação: 3 estrelas

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