Resenha de Cores vivas – Patrice Lawrence

Você REALMENTE se coloca no lugar dos personagens dos livros que lê?

Começo a resenha de Cores vivas com essa pergunta porque, para mim, a leitura foi exatamente sobre isso. Na obra de Patrice Lawrence, conhecemos Marlon Sunday, um jovem negro que vive em Hackney (um dos distritos de Londres mais afetados pelo crime). Órfão de pai, ele promete à mãe que nunca será como o irmão, Andre, que só deixou de ser gângster depois de sofrer um grave acidente de carro.

No entanto, tudo muda quando Marlon é o único a presenciar o que aconteceu com Sonya, a garota branca por quem ele estava apaixonado. E logo, ele deixa de ser uma simples testemunha para se tornar suspeito em um cenário que envolve crime, drogas e muitas mentiras.

Iniciei Cores vivas lendo 50 páginas sem sequer perceber. No entanto, logo comecei a sentir o ritmo cair. E em muitos momentos, achei que a história parecia não evoluir, ainda que muitas coisas acontecessem a cada capítulo. Então, se o assunto é ficção, a obra de Lawrence talvez não tenha sido tudo o que eu esperava. Mas, se falarmos sobre vida real, o aprendizado que a trama me trouxe é algo que vou levar comigo para sempre.

Durante a leitura, questionei muitas das atitudes de Marlon. Porém, o pensamento que vinha a seguir era sempre o mesmo: o que eu realmente faria se soubesse que, para muitos, a minha palavra poderia valer menos do que a de outras pessoas, simplesmente por conta da cor da minha pele? Depois disso, eu nem sempre passei a concordar com ele. Mas, ao menos, pude compreendê-lo melhor.

Então, Cores vivas foi um verdadeiro exercício de empatia para mim. Mais do que me colocar no lugar de Marlon, eu tentei pensar como ele. Eu me esforcei para sentir o desamparo e a solidão que o personagem sentia, tentando lutar contra algo que era muito maior do que ele – o que, infelizmente, é a realidade de muitas pessoas.

Título originalOrangeboys
Autor: Patrice Lawrence
Editora: Darkside Books
Ano: 2016

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