Resenha de O Palácio de Papel – Miranda Cowley Heller

Seria apenas mais um verão comum em Cape Cod, se Elle Bishop e Jonas não tivessem se beijado. Acolhidos e encorajados pela escuridão do jardim, os melhores amigos de infância consumaram uma relação que fora interrompida antes mesmo de começar.

Então, nas próximas 24 horas, Elle terá que decidir se irá permanecer ao lado de Peter, o homem com quem tem três filhos, ou se entregar a Jonas, mesmo com todos os anos que os separam de quem eles foram um dia.

Se engana quem pensa que O Palácio de Papel é simplesmente a história de uma mulher dividida entre dois homens – Miranda Cowley Heller nos leva muito além! Ao longo de 400 páginas, a autora nos traz recortes de toda a vida de Elle, desde a infância até o ponto de partida da trama. E assim, torna possível entender exatamente o que a levou até aquele momento.

No entanto, Elle não é a única sob a lente de aumento de Cowley Heller – porque não há como contar a história de uma pessoa sem contar também a história de uma família. E é justamente o que O Palácio de Papel faz, principalmente quando joga os holofotes sobre Wallace, a mãe da protagonista.

Com sua complexidade e coleção de falhas, Wallace me causou um mundo de sensações. Entre a raiva e a compaixão, percebi que, como qualquer mãe e ser humano, ela era também um fruto de seu tempo e de suas tragédias. E não concordar com suas atitudes não me impediu de tentar entender seu raciocínio e seus motivos.

O impacto e a gravidade das palavras de Cowley Heller contrastam com a fluidez com que passamos de uma página para a outra. No entanto, é preciso ressaltar que se trata de um livro denso e com gatilhos. Afinal, entre os inúmeros episódios narrados, O Palácio de Papel evidencia o quanto uma situação de abuso (sexual, no caso) pode aprisionar as vítimas, condenando suas relações e caminhos.

O Palácio de Papel é a história de uma mulher, de dois amores e de uma família. E por isso, faz sentido que seja também uma história sobre culpa e perdão. Conhecer a vida de Elle é revisitar a nossa própria existência. Mudam as pessoas e as situações, mas a forma como estamos unidos àqueles que amamos, por laços ou nós, é a mesma. E no fim, não somos todos como palácios de papel? Majestosos e indestrutíveis em nossa imensidão e singularidade, mas também o abrigo de inúmeras vulnerabilidades.

Título original: The Paper Palace
Editora: Intrínseca
Autora: Miranda Cowley Heller
Tradução: Camila von Holdefer
Publicação original: 2021

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