
“Duas amigas viajam. Só uma volta”.
Melhores amigas desde a faculdade, Orla e Kate sabem que, não importa o que aconteça, elas sempre podem contar uma com a outra. E é exatamente o que fazem quando Orla se depara com as dificuldades da maternidade e Kate enfrenta um divórcio nada amigável. A fim de espairecer, elas decidem retomar a tradição anual de viajarem juntas, apenas as duas, por um fim de semana.
O destino é Lisboa e, logo nas primeiras horas, as amigas decidem ir a um bar. Na manhã seguinte, porém, Orla acorda de ressaca, sem lembrar muito do que aconteceu na noite anterior. Ao sair do quarto, percebe que Kate não está no apartamento. As horas passam e Orla, preocupada com a melhor amiga, decide começar a procurá-la. Entre inúmeras idas e vindas, o que ela encontra são segredos e mentiras que ameaçam não apenas o fim de semana, como toda a sua vida.
Naquele fim de semana não encontrou dificuldades para prender a minha atenção! Logo no início, Sarah Alderson aborda a maternidade, mostrando como o fato de se tornar mãe transformou Orla. A dificuldade de se reconhecer dentro do novo contexto, os complexos e inseguranças em relação ao corpo, a tendência de se sentir culpada por coisas pelas quais não tem culpa… Acredito que a autora tenha retratado tais questões de maneira bastante real e responsável.
Enquanto acompanhamos a busca de Orla, o machismo se torna evidente, principalmente quando ela procura a polícia. Afinal, antes mesmo de saber o que de fato aconteceu com Kate, a pergunta que parecem fazer é: “uma mulher que se comporta como ela ‘só pode estar pedindo’, certo?” E é quando Naquele fim de semana traz à tona a culpabilização da vítima e nos desafia a sair dessa dinâmica que nós, como sociedade, criamos para as mulheres. E esse, para mim, foi um dos pontos altos da história!
Apesar de ser um livro recente e bastante alinhado a questões sociais atuais, Naquele fim de semana me incomodou um pouco ao reforçar alguns estereótipos – de que os portugueses são “exóticos” ou de que pessoas latinas se comportam de uma determinada maneira. Não é nada que comprometa a leitura, mas são detalhes que poderiam ter recebido mais atenção.
É difícil largar Naquele fim de semana e as mais de 300 páginas passam em uma velocidade alarmante. Muito bem costurada, a trama nos dá diversas pistas, e é assim que nos manipula todo o tempo. Quando achamos que desvendamos o caso, novas informações surgem para desviar o nosso caminho – ou seja, exatamente o que esperamos de um bom thriller!
Título original: The Weekend Away
Editora: Record
Autora: Sarah Alderson
Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges
Publicação original: 2020