Livro x Filme: Tem alguém na sua casa

Eu não acredito que vivi para assistir a adaptação de Tem alguém na sua casa! Já faz 4 anos que li o livro de Stephanie Perkins e, desde então, recomendo demais a leitura, especialmente para os fãs de terror slasher. Com o lançamento do filme produzido pela Netflix, a obra ganhou os holofotes e foi, enfim, traduzida pela Intrínseca!

No livro, conhecemos Makani Young, que, após um acontecimento traumático, deixa a casa da mãe, no Havaí, para morar com a avó, no Nebraska. Por incrível que pareça, ela facilmente encontra seu lugar na nova escola – ao lado de Darby e Alex – e até se apaixona pelo misterioso Ollie Larsson.

Mas, quando tudo parece estar em seu devido lugar, um perigoso serial killer passa a aterrorizar os estudantes da Osborne High. Um a um, os colegas de Makani são assassinados e é quando ela percebe que o passado irá persegui-la para sempre – ou, pelo menos, enquanto ela não enfrentar o seu pior segredo.

Minha história com Stephanie Perkins começou em 2011, quando li Anna e o Beijo Francês. E desde 2017, panfleto Tem alguém na sua casa, a combinação perfeita entre young adult, thriller e terror slasher. Em um estilo completamente diferente de seus outros livros, a autora revela a habilidade em criar um bom mistério e manipular o leitor, além de não economizar na quantidade de sangue e detalhes sórdidos.

Como sempre, Perkins criou personagens complexos, cada um com sua própria bagagem. Por meio deles, ela aborda temas como bullying, identidade de gênero, perda e até mesmo aquele sentimento de não pertencer a lugar nenhum. Adorei a forma como a autora desenvolveu a personalidade do serial killer, e a dinâmica que ela criou para ele é simplesmente genial.

Com elementos típicos dos YA e uma atmosfera inegavelmente macabra, não é exagero dizer que Tem alguém na sua casa combina a mágica e o romance encantador de Anna e o Beijo Francês com o que há de melhor em um thriller.

A adaptação da Netflix foi produzida por dois nomes conhecidos: Shawn Levy, produtor de Stranger Things, e James Wan, diretor de Invocação do Mal 1 e 2. Além disso, pela premissa, poderia se transformar no “Pânico” de uma geração. Difícil não criar expectativas.

Como adaptação, deixa a desejar, pois inúmeras mudanças aconteceram. Algumas são compreensíveis, e até bem-vindas, mas a maioria nos faz pensar: “precisava?”. A dinâmica do serial killer foi um dos meus aspectos favoritos no livro, e achei que o filme não a explorou tão bem – embora tenha trazido outros pontos interessantes.

Também senti falta da manipulação e não fui surpreendida, ainda que a identidade do/a assassino/a seja diferente no filme. E apesar de conter cenas bem gráficas, acredito que o longa não cause o tipo de tensão que esperamos de um slasher – diferente da obra original.

Entre as mudanças bem-vindas, está a forma como a adaptação explorou privilégios ligados a questões de classe e raça. Nada muito aprofundado, mas o suficiente para tornar a produção bastante atual. E também fiquei feliz que o filme trouxe a representatividade presente no livro. Destaque para a protagonista não branca, interpretada por Sydney Park, filha de mãe afro-americana e pai descendente de coreanos; e Jesse LaTourette, que dá vida a Darby – no livro, um homem trans, e no filme, gênero-fluido, assim como Jesse.

Então, é justo dizer que Tem alguém na sua casa é um entretenimento razoável. Mas é uma leitura muito melhor!

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