
Já se passaram 6 meses desde a morte de Ewan, mas Juliette acredita que o filho de 5 anos permanece na casa que divide com o marido, Richard. Para provar que está certa, ela se recusa a deixar a propriedade e passa os dias fazendo gravações no quarto do menino. Já Richard prefere não pensar em Ewan, então se entrega à escavação de um terreno próximo à casa, em busca de fragmentos de uma árvore centenária. Mas o que ele encontra está longe de ser aquilo que esperava.
Conheci Andrew Michael Hurley em 2016, com Loney. A obra prometia ser um prato cheio para os amantes do terror, mas, para mim, acabou sendo uma decepção. No entanto, isso não foi o suficiente para me fazer desistir do autor e, quando a Intrínseca lançou Terra Faminta, eu já me preparei para a leitura – com menos expectativas desta vez.
E minha estratégia funcionou! Assim como Loney, o novo livro de Hurley tem uma atmosfera impecável e aposta em elementos góticos. Mas, diferente do livro anterior do autor, não perde o propósito em nenhum momento sequer e não é tão adepto da sutileza – o que, neste caso, é um elogio. Com um ritmo frenético, Terra Faminta evoca a fantasia sobrenatural para falar sobre perda e luto. E ao retratar a dor de Juliette, pincela também temas como culpa e maternidade.
São pouco mais de 200 páginas, e a sensação é a de estar assistindo a um filme de terror – mais especificamente, o espanhol Vozes. A edição com capa dura e fitilho merece destaque, assim como todo o belíssimo projeto gráfico. Assinadas por Midrusa, as ilustrações que compõem o livro são sombrias e viscerais, e e não apenas reforçam a atmosfera da trama, como também complementam a história.
Simbólico e talvez até metafórico, o final em aberto pode não agradar a todos os leitores de Terra Faminta. Eu, particularmente, levei algum tempo para digeri-lo, mas cheguei à conclusão de que combinou perfeitamente com a proposta do livro.
Título original: Starve Acre
Editora: Intrínseca
Autor: Andrew Michael Hurley
Tradução: André Czarnobai
Publicação original: 2019