
Miniaturas são a obsessão de Dorothy Hardesty, socialite e filha de um ex-presidente dos Estados Unidos. E um de seus bens mais preciosos é a réplica da Casa Branca, com direito a todos os mínimos detalhes. Quando conhece Roger Tinker, porém, Dorothy leva sua obsessão a um novo nível, já que seu novo amigo conhece uma forma inusitada – e perturbadora – de preencher a pequena Casa Branca.
Estaria mentindo se dissesse que Pequenas Realidades foi uma leitura fácil. Não foi. Logo no início, Tabitha King já nos apresenta a praticamente todos os personagens, em uma narrativa um tanto confusa. A sensação é a de estar começando o livro a partir da metade. Mas, aos poucos, vamos nos familiarizando com os personagens e seus contextos, então, tudo começa a fazer sentido.
Gostei bastante da escrita de Tabitha. Na medida certa, o estilo descritivo nos ajuda bastante a visualizar os cenários e as situações. Conforme ela descreve a réplica da Casa Branca, nos sentimos passeando pelos pequenos cômodos e tocando os pequenos objetos. Além disso, a autora tem um tom levemente ácido e sutilmente sombrio, e essa combinação permite a criação de uma atmosfera única.
A premissa das miniaturas foi o que me chamou a atenção em Pequenas Realidades. E sim, elas são, de fato, o centro da trama. Mas, ao mesmo tempo, achei que Tabitha poderia tê-las explorado melhor, fazendo mais metáforas e paralelos entre o mundo diminuto e o mundo real. De qualquer maneira, a parte que “se passa” dentro da Casa Branca foi, de longe, a minha preferida.
Um livro de altos e baixos, Pequenas Realidades é exatamente o que promete ser: uma história disfuncional com dramas familiares. E ainda que, na minha opinião, tivesse potencial para ser ainda melhor, a obra de Tabitha King traz sua cota de reflexões sobre o ser humano e tudo aquilo que somos capazes de fazer.
Título original: Small World
Autora: Tabitha King
Tradutora: Regiane Winarski
Editora: Darkside Books
Publicação original: 1981