“Isolar-se do mundo não foi capaz de protegê-lo. Há semanas uma presença sobrenatural o aterroriza durante um retiro forçado na casa de praia. Ela está no quarto do sobrado, à espreita, aguardando por ele. Mas lá ele não entra.”
Dezoito páginas podem parecer pouco, mas são o suficiente para que a A Entidade nos envolva em uma atmosfera absolutamente sinistra. Assim que o conto começa, já é possível sentir o desespero de Roberto, o protagonista. Não sabemos ainda o que o aflige tanto, mas logo medo e curiosidade se misturam dentro de nós.
A Entidade é um conto de terror, mas o mistério também aparece com força. Conforme avançamos na trama, mais queremos saber o que levou Roberto àquela situação e também o que de fato é A Entidade. Francisco Scattolin explorou o suspense muito bem e, quando revelou a verdade, o fez nas entrelinhas. O resultado é uma história que fica aberta à interpretação de cada leitor e em que alguns aspectos podem ser vistos como uma metáfora.
Este é o segundo conto que leio de Scattolin, e já posso dizer que gosto bastante da escrita do autor: fluida, mas também repleta de detalhes certeiros nos ajudam a imaginar as cenas perfeitamente. A Entidade é bastante diferente de O Stalker e a Patricinha, mas pode-se dizer que a solidão é o fio condutor das duas tramas – ainda que seja explorada de formas completamente distintas.
Mais do que um conto sombrio e sinistro, A Entidade é também uma história triste. Provavelmente, a maioria dos leitores não irá se identificar com a situação específica de Roberto. Mas, talvez, alguma versão d’A Entidade já tenha nos visitado também.
Autor: Francisco Scattolin
Publicação original: 2020
*Parceria paga com Francisco Scattolin