Mr. Mercedes foi apenas o quinto livro de Stephen King que li, lá em 2016. E, com certeza, contribuiu muito para que eu me tornasse fã incondicional do autor. Afinal, a Trilogia Bill Hodges reúne elementos que King sabe muito bem como usar. Entre eles, personagens extremamente humanos e cativantes, um vilão doentio e cruel e um toque sobrenatural inesperado – mas surpreendentemente convincente.
Em 2017, foi lançada a série inspirada em Mr. Mercedes. E eu demorei, mas, enfim, assisti às três temporadas e estou aqui para compartilhar a minha opinião com vocês!
Em primeiro lugar, preciso ressaltar o casting perfeito! Brendan Gleeson é exatamente o Bill Hodges que eu imaginava e Harry Treadway não poderia ter personificado a perversidade de Brady Hartsfield com mais perfeição. Mas, para mim, o ponto alto da série é Holly Gibney! A personagem rouba a cena em diversos momentos nos livros e, ao longo das três temporadas de Mr. Mercedes, não foi diferente: às vezes, a sensação é a de que King se inspirou em Justine Lupe para criar Holly, e não o contrário.
Não posso dizer com precisão até que ponto a série foi fiel à obra original porque já faz muito tempo que li e a maioria dos detalhes já me escaparam. Lembro o suficiente, porém, para saber que, apesar das mudanças e adaptações, a história da primeira temporada segue basicamente o mesmo roteiro do primeiro livro.
Já a segunda é uma mistura entre Achados e Perdidos e Último turno, que completam a trilogia original. E achei que foi uma ótima ideia, já que boa parte do segundo livro acontece no passado, o que faz com que Bill Hodges e companhia demorem um pouco para entrar na trama. A solução manteve tanto a conexão com os livros, quanto do espectador com os personagens que já conhece. Confesso que, em alguns momentos, a segunda temporada ameaça perder o ritmo. Mas o desfecho nos pega totalmente de surpresa e nos recompensa com um final eletrizante!
Por fim, admito que a terceira temporada deixou a desejar. Os episódios retomam a história de Achados e Perdidos, trazendo-a para o presente, o que também achei uma boa sacada. No entanto, algumas subtramas foram totalmente esquecidas e existem muitos furos e conveniências no roteiro. O que segura os episódios são os diálogos perspicazes e as atuações – com destaque para Gabriel Ebert, como Morris Bellamy, e Kate Mulgrew, como Alma Lane. Outro ponto alto é a atmosfera ainda mais dark, e no melhor estilo Stephen King.
Apesar de todas as ressalvas, gostei muito da série e recomendo. Principalmente porque, mesmo com todas as mudanças e defeitos, a adaptação recria e ressalta a cumplicidade inesperada que Bill Hodges encontra quando mais precisa. E esse é o aspecto que faz com que Mr. Mercedes, livro e adaptação, tenha tanto do DNA de King!
Mr. Mercedes está disponível no canal Starzplay do Prime Video.