
Nem por um segundo eu esperei que The Haunting of Bly Manor fosse tão boa quanto The Haunting of Hill House. E esse foi o 1º passo para gostar da nova temporada da série antológica de Mike Flanagan.
Inspirada em A Volta do Parafuso, Bly Manor mergulhou na obra de Henry James e trouxe ainda mais profundidade à trama e aos personagens. E, claro, apostou no sobrenatural para falar sobre sentimentos como culpa, perda, arrependimento e frustração. E também falou sobre amor. Muito.
Flanagan prometeu uma história de amor gótica e nos entregou várias. Algumas belas, outras nem tanto. Mostrou as engrenagens de um relacionamento abusivo, e fez ótimas analogias ao seu poder destrutivo e às suas armadilhas.
Os atores que estiveram em Hill House conseguiram se desvencilhar de seus personagens e fizeram um ótimo trabalho em Bly Manor. No entanto, os destaques são Benjamin Evan Ainsworth e T’Nia Miller. Também vale destacar a representatividade, tanto no elenco, quanto nas questões abordadas.
Eu esperava mais sustos, mas é verdade que eles não combinam com a atmosfera gótica que Flanagan procurava. Atmosfera essa que foi arrematada pelo episódio 8, uma obra de arte sinistra, e também incrivelmente triste, que fala sobre a passagem do tempo, o esquecimento e o vazio.
As referências a Hill House são inúmeras! Porém, a que mais gostei foi a trilha sonora: embora tenha uma música tema marcante, Bly Manor incorpora faixas da 1ª temporada, especialmente Come Home e Whatever walked there, walked alone, reforçando a conexão indireta que há entre as duas produções.
Bly Manor não é tão intensa quanto Hill House e explora plot twists já vistos anteriormente – ainda que de maneira original. Mas, ainda assim, foge dos clichês do terror e com certeza ressignifica uma história de fantasmas. Por trás de toda a melancolia que envolve a trama, a mensagem é bela e reconfortante: aqueles que amamos nunca partem. Vagam dentro de nós, não como fantasmas, mas como doces lembranças.