E se, um dia, a morte deixasse de ser algo tão definitivo?
É o que acontece quando a pobreza, as doenças e as guerras deixam de ser um problema para a humanidade. No novo mundo, a morte é apenas uma forma de controle populacional. E a única forma de morrer é ser coletado por um ceifador.
Citra e Rowan não gostam nem um pouco da ideia de tirar vidas. Mas, quando recrutados para se tornarem aprendizes de ceifador, não há outra alternativa senão aceitar a proposta. O curioso é que o treinamento irá se transformar em uma corrida para salvar as próprias vidas.
Como não poderia ser diferente, O Ceifador nos faz refletir sobre vida e morte e nos confronta não apenas com a nossa mortalidade, mas também com a possibilidade da imortalidade. No universo criado por Neal Shusterman, as pessoas ainda temem o momento em que deixarão este plano. Mas, uma vez que apenas os ceifadores podem decidir quem morre, acidentes fatais podem ser revertidos. E em muitos casos, a morte só chega após séculos de vida.
O futuro distópico de O Ceifador pode parecer muito diferente da nossa realidade – e de fato é. Mas o mundo criado por Shusterman ainda é regido pela humanidade. Sendo assim, a pobreza, as doenças e as guerras podem não ser mais problemas para a sociedade. Mas a corrupção, a ambição desmedida e o eterno descontentamento continuam existindo e causando os mesmos conflitos de sempre.
Mais um ótimo exemplo de que a combinação entre distopia e young adult tem tudo para dar certo, O Ceifador traz diversas reflexões existenciais e também questionamentos sociais embutidos em uma narrativa fluida e eletrizante. As quase 450 páginas passam em um piscar de olhos e toda a trama é pontuada por pequenas reviravoltas, que só tornam o clímax ainda mais impactante!
Entre os dilemas de Citra e Rowan e nossas próprias reflexões, é impossível acompanhar a história e não perceber que a morte dá tanto significado à vida, quanto a vida dá à morte.
Título original: Schythe
Autor: Neal Shusterman
Tradução: Guilherme Miranda
Volumes seguintes: A Nuvem e O Timbre
Editora: Seguinte
Ano: 2016