Após a morte prematura do marido, seria natural que Elsie se sentisse sozinha. Mas, ao se mudar para a mansão isolada da família Bainbridge, solidão é a última coisa que ela irá sentir. A questão é: quem, ou melhor, o que é a presença que toma conta da casa?
Tudo começa quando Elsie, em sua nova residência, descobre os companheiros silenciosos – tábuas de madeira no formato de pessoas. A princípio, eles parecem inofensivos. O estranho é que eles parecem mudar de cômodo sem que ninguém os transporte. Sem falar na constante sensação de que seus olhos pintados a estão observando.
Por conta de todo o sofrimento pelo qual passou nos últimos tempos, todos pensam que Elsie perdeu a cabeça. Ela, por sua vez, não acredita que esteja louca. Mas será possível fazer os outros acreditarem também?
Eu amo o clichê de casa mal assombrada, então, a premissa de O Silêncio da Casa Fria me fisgou. No entanto, apesar de não ter sido uma leitura ruim, eu confesso que esperava muito mais.
Laura Purcell foi capaz de evocar toda a atmosfera dos livros de terror gótico – tanto nos elementos da história, quanto no estilo de escrita. A leitura realmente nos transporta para a Era Vitoriana e para a casa, nos fazendo sentir sua frieza. O terror também é muito bem explorado: tanto o psicológico, quanto o explícito. Mas, por alguma razão, não consegui me conectar à trama ou à protagonista.
Um aspecto que me chamou a atenção foi a forma como Purcell abordou as mulheres e a histeria. Acredito que a intenção da autora tenha sido justamente criticar a falta de credibilidade que nos acompanha desde sempre. O fato de que atitudes contundentes vindas de mulheres eram frequentemente consideradas casos de histeria antigamente – e até hoje, dadas as devidas proporções. Mas, com a forma como Purcell conduziu a história, é possível interpretar a questão tanto como crítica, quanto como uma validação de tal pensamento.
O desenrolar de O Silêncio da Casa Fria é levemente previsível. O desfecho é bom, mas também não guarda muitas surpresas – e poderia, já que o livro revira tanto o passado de Elsie, quanto o da família Bainbridge. Ainda assim, é um livro de terror que recomendo, justamente pela atmosfera impecável. Mas, para mim, é uma história que pode funcionr melhor adaptada em um filme ou série.
Título original: The Silent Companions
Autor: Laura Purcell
Tradutor: Camila Fernandes
Editora: DarkSide Books
Ano: 2017