Você vive a sua vida? Ou a vida que escolheram para você?
Marianne Messmann está tão cansada de seu casamento sem amor que decidiu acabar com tudo. Com tudo mesmo. Em uma viagem à Paris, ela se joga da Pont Neuf, mas é resgatada por um homem. No hospital, se encanta pela paisagem de Kerdruc pintada em um azulejo. Em um impulso, decide embarcar para a cidade na região da Bretanha, também na França. Chegando em Kerdruc, Marianne descobre um estilo de vida completamente diferente de tudo o que já viu em seus 60 anos de vida. E, então, não lhe resta outra alternativa a não ser embarcar em uma jornada de redescobrimento e reinvenção.
Sim, Marianne tem 60 anos e a faixa etária da protagonista foi o ponto alto de O Maravilhoso Bistrô Francês. Primeiro por ser um aspecto que poderia – e deveria – ser mais corriqueiro em romances. Mas principalmente porque a idade da personagem é o contexto ideal para a trama. Permite que a história aborde temas atuais, ao mesmo tempo em que cria o pano de fundo perfeito para o arco de Marianne – ainda que as aflições da protagonista não sejam exclusivas de sua faixa etária.
O Maravilhoso Bistrô Francês se trata de uma leitura rápida, mas nem sempre envolvente. Por ter muitos personagens e situações, às vezes, levamos um tempo para nos localizar na história. Eu amo quando os lugares são mais do que cenários nos livros, e a atmosfera de Kerdruc, sem falar nos aspectos culturais, com certeza contribui para tornar a história mais atrativa.
Nina George tem uma escrita belíssima, que beira o poético. A fluidez de seu texto não diz respeito apenas à velocidade com que lemos o livro. Mas também à forma como as palavras da autora parecem deslizar, encaixando-se perfeitamente umas às outras. Porém, curiosamente, a minha sensação durante a leitura foi a de que o estilo de escrita de George não se conectava totalmente com a história que ela estava contando. E embora tenha gostado do arco de Marianne, senti falta de um maior aprofundamento em alguns momentos.
Recomendo a leitura de O Maravilhoso Bistrô Francês para quem está em busca do famoso “quentinho no coração”. Não foi um livro que amei, mas gostei muito da forma como ele reforça que não há idade certa para amar (a si mesmo e aos outros), muito menos para se (re)descobrir e reinventar. Não importa quantos anos temos pela frente. O que importa é vivê-los plenamente – não de maneira perfeita, mas fiel à nossa essência.
Título original: Die Mondspielerin
Autor: Nina George
Tradutor: Petê Rissatti
Editora: Record
Ano: 2010