Evelyn Hugo é uma personagem que tem tudo para ser odiada. Então, é estranho quando começamos a amá-la. E é mais estranho ainda quando amá-la faz todo o sentido.
Dona de uma beleza estonteante, Evelyn Hugo se tornou uma grande atriz na década de 1960. Protagonizou sua cota de polêmicas, e o mundo jamais esqueceu o fato de que teve sete maridos. Aos 79 anos, Evelyn é uma lenda do cinema e decide contar tudo sobre sua vida. E para isso, escolhe exclusivamente Monique Grant, uma jornalista sem grande expressão.
Monique não entende por que a atriz faz questão de que seja ela a revelar a sua história para o mundo. Mas sabe que é uma oportunidade que não se pode deixar escapar. Ao lado da jornalista, conhecemos, então, não apenas os sete maridos de Evelyn Hugo, como também as duas vidas que existiram por trás – a que todos pensam conhecer e a verdadeira.
Não sei o que exatamente eu esperava de Os sete maridos de Evelyn Hugo, só sei que eu esperava muito. E com toda a certeza, Taylor Jenkins Reid me surpreendeu com um livro que foi muito mais do que qualquer alta expectativa que eu pudesse ter.
As críticas sobre a forma como a mídia alimenta(va) o estilo de vida nocivo de Hollywood, e vice-versa, já eram de se esperar e são bastante pertinentes. Mas, usando o contexto histórico e social da época, a autora vai além, navegando por questões pungentes como homofobia e violência doméstica. Outro assunto abordado é a objetificação da mulher e, em se tratando do cinema no século 20, há muito o que se explorar.
O que mais gostei, porém, foi a forma surpreende como a trama nos coloca em contato com o amor genuíno que pode existir nos espaços entre a fama e o poder. E, talvez, seja este o ponto de intersecção, em que a vida de Evelyn Hugo encontra a nossa.
Como dito antes, ela é uma personagem que nos dá muitos motivos para odiá-la. Egoísta, manipuladora e até imoral? Definitivamente. Alguém que, muitas vezes, sacrificou a felicidade em troca da notoriedade? Com certeza. Mas também uma mulher que conheceu o amor em sua plenitude. Que errou, feriu e foi ferida. E que foi, acima de qualquer lenda, humana.
Editora: Paralela
Autor: Taylor Jenkins Reid
Tradutor: Alexandre Boide
Ano: 2017