Um clássico que atravessa gerações desde 1868. E o livro que fez com que Elena Ferrante se apaixonasse pela escrita. Estes dois fatos já foram o suficiente para que eu desejasse ler Mulherzinhas, mesmo sabendo que não é exatamente o meu estilo de leitura.
Em Mulherzinhas, conhecemos Meg, Jo, Beth e Amy, as irmãs March. Junto com a mãe, elas enfrentam as dificuldades da Guerra da Secessão (entre elas, a ausência do pai), cada uma com suas virtudes, defeitos e angústias. Apesar do contexto, a leitura é leve e, em alguns momentos, até descontraída. Já em Good Wives (a segunda parte da edição completa), encontramos as irmãs alguns anos mais velhas e problemáticas um pouco mais intensas.
Como sempre digo, para formarmos uma opinião sobre uma história, é imprescindível levarmos em consideração a época e o contexto em que ela foi escrita. E no caso de Mulherzinhas, essa “regra” se faz ainda mais necessária. Afinal, além de ter sido publicada no século 19, a obra de Alcott traz ideias que, para meados dos anos 1860, poderiam ser consideradas se não revolucionárias, ao menos ousadas. Obviamente, muitos aspectos da trama podem fazer nossos olhos, de mulheres do século 21, revirarem sozinhos. Mas, se lembrarmos do contexto, é possível entender a mensagem que autora provavelmente quis transmitir.
Eu confesso que não foi uma leitura fácil. Como vocês sabem, clássicos não são o meu forte. Além disso, senti falta da tridimensionalidade das irmãs (especialmente Beth, embora tenha sido minha personagem favorita) e também da construção do amadurecimento delas. Por outro lado, me encantei com a dinâmica e a cumplicidade entre as irmãs, que parecem se completar de diversas maneiras.
Então, posso dizer que a experiência valeu a pena. Principalmente porque Mulherzinhas consegue ser tanto um retrato fiel de uma época, quanto uma obra visionária e inspiradora à sua maneira.
Título original: Little Women e Good Wives
Autor: Louisa May Alcott
Editora: Planeta
Ano: 1868 e 1869