Dizem que velhos hábitos nunca morrem, e Carlos Marcondes não é a exceção que comprova a regra.
Após deixar a organização clandestina da qual fazia parte, o ex-agente secreto aceita trabalhar como motorista particular. Sua primeira tarefa parece simples: acompanhar Gioconda Agazzi, amiga de seu novo chefe, durante sua estadia em Londres e mantê-la em segurança. Para cumprir a “missão”, Marcondes aceita viajar até Madri, onde Gioconda pretende resolver os problemas com o ex-noivo.
E de repente, o ex-agente se vê completamente envolvido em uma trama de corrupção, vingança e mentiras. Exatamente como nos velhos tempos.
Ação do começo ao fim: essa é a melhor definição para Szabo, obra de estreia de Gino Netto. Repleto de acontecimentos e reviravoltas, o romance policial exige atenção total para que seja possível acompanhar o raciocínio do autor. E o resultado é uma leitura dinâmica, fluída e frenética. A ambientação também contribui para a agilidade da história, já que as descrições de Netto praticamente nos transportam para Madri, onde se passa a maior parte do livro.
Assim que vi a capa de Szabo, me vieram à mente os pôsteres de filmes noir. Então, fez todo o sentido quando percebi que a trama de fato trazia características e elementos típicos do subgênero, como traição, crime e corrupção. Mas arrisco dizer que o maior deles é Marcondes, um personagem dúbio e com moral questionável, o que é praticamente uma marca registrada do cinema noir. Além dele, outros arquétipos também estão presentes, como a femme fatale e o bode expiatório.
Voltando à Marcondes, já adianto que o protagonista é polêmico e pode causar certa revolta com a forma como descreve as personagens femininas da trama. Mas acredito que esse tenha sido um aspecto da personalidade propositalmente abordado por Netto. Dessa forma, o autor mantém a ambiguidade de Marcondes, ao mesmo tempo em que nos faz refletir sobre um tema que faz parte do nosso dia a dia atualmente. E se houver uma sequência para o livro, espero que esse seja um ponto mais explorado.
Então, se você gosta de um romance policial em que as peças se encaixam e desencaixam a todo momento, Szabo será uma boa leitura.
Autor: Gino Netto
Editora: Autografia
Ano: 2019
*parceria paga com Gino Netto
[…] também a forma como a história foi construída fizeram com que Sob a lua e lobos me lembrasse de Szabo e de Codinome Villanelle. Assim como as obras de Gino Netto e Luke Jennings, a história de […]