Aos 4 anos, Victoria Bravo testemunhou o assassinato brutal dos pais e do irmão. Duas décadas depois, ela se torna uma mulher solitária que ainda luta para superar os traumas do passado. E justamente quando sente que, talvez, possa viver um pouco, em vez de apenas existir, Victoria começa a ser ameaçada por aquele que matou sua família.
O que o assassino quer, depois de tanto tempo? O que o levou a cometer um crime tão absurdo? Motivada por estas e outras perguntas, Victoria decide descobrir a verdade por trás da história que definiu sua existência. E, assim, talvez possa se libertar.
Eu li Uma mulher no escuro em poucos dias, porque, com sua escrita fluida, Raphael Montes sabe muito bem como nos envolver completamente em uma trama. Mas verdade seja dita: está longe de ser o melhor livro do autor.
Victoria não é a protagonista mais interessante que o escritor já criou. É claro que faz total sentido ela se resumir basicamente ao crime que testemunhou. E, de qualquer maneira, é impossível não se penalizar com a vida da personagem, tanto no passado, quanto no presente. Mas acredito que Vic poderia ter sido melhor desenvolvida, e não seria exagero dizer que ela é apenas uma peça necessária em uma trama que tem o quebra-cabeça como o verdadeiro protagonista.
Surpresas e reviravoltas são indispensáveis em bons thrillers, e Uma mulher no escuro não deixa a desejar em nenhum dos dois quesitos. Mas tive a incômoda impressão de que a grande prioridade do livro é “enganar” o leitor. Não vou dizer que a trama não é bem amarrada, no entanto, a sensação de estar sendo manipulada fez com que eu me cercasse de muitas teorias (que se revelaram corretas). E a boa manipulação é aquela que não percebemos enquanto lemos.
Apesar de ter sacada boa parte de Uma mulher no escuro (muito Sherlock, eu sei), o desfecho da história ainda apresentou alguns elementos surpreendentes. Por isso, e por ser uma leitura fluida, indico o livro para quem gosta de um thriller para devorar!
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2019