Um grupo de meninos se vê isolado em uma ilha remota, após a queda do avião em que estavam. Quando se dão conta de que não há sequer um adulto por perto, eles percebem que será necessário criar algumas regras para conviver e sobreviver. A tarefa parece simples, mas, aos poucos, estabelecer uma nova sociedade se revela um desafio muito mais assustador do que eles poderiam imaginar.
O ponto de partida de O Senhor das Moscas apresenta tantas possibilidades e tantos aspectos a serem explorados, que foi impossível não ficar curiosa. E é inegável que William Golding construiu e desenvolveu a história muitíssimo bem, surpreendendo o leitor com uma trama que, mais de 50 anos após sua publicação, ainda é original e pertinente. Mas eu estaria mentindo se dissesse que amei.
Em defesa de O Senhor das Moscas, fiz a leitura durante a pior ressaca literária que tive nos últimos anos. No entanto, sendo sincera, não acho que minha opinião teria sido muito diferente se tivesse lido em outro momento. De qualquer maneira, é um clássico que recomendo a todos, por se tratar de uma leitura extremamente subjetiva. Golding envereda por caminhos inesperados, causando sensações igualmente inesperadas em nós. Alguns podem gostar, outros nem tanto. Só experimentando para saber.
O Senhor das Moscas é considerado uma das obras mais relevantes sobre o coming of age. E não por acaso, já que é um tema que sempre me interessa, foi justamente o aspecto que mais gostei no livro. Logo no início, os garotos ficam animados com a liberdade de não ter nenhum adulto por perto. Mas, conforme os dias vão passando, eles percebem que essa “liberdade” tem também o lado ruim. E acredito que essa seja uma analogia perfeita ao que sentimos quando somos crianças/jovens.
Analogias e alegorias, aliás, não faltam e são elas que tornam a trama tão profunda e subjetiva. E foi justamente essa margem para interpretação que fez com que O Senhor das Moscas tenha valido a pena para mim, ainda que não tenha sido uma leitura envolvente.
Título original: Lord of the flies
Autor: William Golding
Ano: 1954