O que acontece quando moradores de rua são assassinados? Na maioria das vezes, absolutamente nada.
No entanto, quando fica sabendo dos crimes, o detetive Artur Veiga não pensa duas vezes antes de usar suas férias para iniciar a própria investigação. O que ele não poderia imaginar é que o desaparecimento dos moradores de rua é apenas uma parte de um plano muito mais complexo e cruel.
Tenho orgulho de dizer que sou leitora “old school” do Gustavo Ávila. Li o primeiro livro do autor, O Sorriso da Hiena, ainda na edição independente. E desde então, soube que leria tudo o que ele publicasse. Já fazia algum tempo que eu estava ansiosa pelo lançamento de Quando a luz apaga, e isso sempre traz as perigosas altas expectativas. Mas a nova obra de Gustavo não decepcionou.
Se O Sorriso da Hiena é um thriller para devorar, Quando a luz apaga é um romance policial para absorver (embora a segunda metade ganhe um ritmo frenético). O autor nos prende em uma rede de acontecimentos e detalhes, construída de forma sutil e consistente. Confesso que, em alguns momentos, senti a leitura um pouco truncada por conta da quantidade de personagens e informações. Mas, justamente pelo cuidado com que a trama foi arquitetada (sim, esse é o verbo correto nesse caso), tudo de conecta de maneira irrefutável.
No entanto, mais do que uma trama que nos intriga pelo suspense, Quando a luz apaga nos coloca para pensar. Há uma série de críticas pertinentes e atuais ao longo de todo o livro, mas um dos destaques é a exploração da invisibilidade social. Em uma camada mais existencial, digamos, a história também nos faz refletir muito sobre o quanto a verdade coletiva pode influenciar a nossa verdade particular. E será que existe uma maneira de fugir dessa influência?
E, ao fim da leitura, é difícil não se questionar: quem nós somos e verdade, quando as máscaras caem e a luz apaga?
Autores: Gustavo Ávila
Editora: Verus
Ano: 2019