Um anfiteatro abarrotado de médicos. Cirurgiões capazes de amputar um membro em 30 segundos. Uma época em que a medicina não conhecia a anestesia, muito menos a existência de micro-organismos.
Esse era o cenário que o mundo da cirurgia enfrentava na primeira metade do século 19. Cuidados com a higiene eram completamente descartados, o que resultava em um elevado índice de mortalidade por infecção entre os pacientes – quando não entre os próprios cirurgiões, que não usavam luvas durante os procedimentos.
É quase absurdo pensar que houve uma época, não tão distante de hoje, em que a anestesia não existia e a infecção era tida como um grande mistério. Mas essa era a realidade, e foi nesse contexto que Joseph Lister se destacou, dedicando boa parte de sua vida à missão de entender a infecção e encontrar maneiras de preveni-la. E é essa a história real que conhecemos em Medicina dos Horrores.
Estaria mentindo se dissesse que amei a obra da historiadora Lindsey Fitzharris. Foi uma leitura interessante, sim, e que me tirou um pouco da zona de conforto. Mas, apesar de super fluida, se tornou cansativa em alguns momentos. No entanto, aqui faço uma mea culpa: a quantidade de detalhes me entendiou vez ou outra, mas os pormenores são extremamente necessários e, sem eles, o livro se tornaria superficial demais. Então, talvez seja apenas uma questão do nível de interesse pelo assunto – e, por isso, recomendo fortemente Medicina dos Horrores especialmente para os profissionais da área de saúde.
De qualquer maneira, não tem como não se sentir inspirado pela história de vida de Lister. Além de ter contribuído muito para que a medicina seja eficaz como é hoje, o médico precisou de muita perseverança para bancar suas descobertas. Como todo visionário, ele enfrentou muita resistência, e até alvo de chacota foi. Mas nunca desistiu. E que sorte a nossa!
Título original: The Butchering Art: Joseph Lister’s questo to transform the grisly world of victorial medicine
Autor: Lindsey Fitzharris
Editora: Intrínseca
Ano: 2017