A história de Frederik e Cati seria como outra qualquer, não fosse pelo fato de ela ser portadora do vírus HIV. Quando Cati o surpreende com essa revelação, Frederik se vê em uma espiral de sentimentos conflitantes, que vão da piedade ao amor mais puro. E é essa jornada autobiográfica que acompanhamos em Pílulas azuis.
Acredito que a pergunta que acompanha qualquer pessoa durante a leitura da graphic novel seja: “o que eu faria no lugar de Frederik?”. Gostamos de pensar que faríamos o mesmo que ele, ou seja, passar por cima de qualquer empecilho para estar com a pessoa que amamos. E a proposta da história é justamente esta: entrar em contato com eventuais medos, preconceitos e ignorância sobre o assunto e refletir, nas camadas mais íntimas, sobre o que realmente faríamos.
Não tem como negar que a temática de Pílulas azuis é delicada – não apenas a questão do vírus HIV, como também o confronto com a nossa mortalidade. E Peeters tratou tudo com a responsabilidade e a sensibilidade necessárias, retratando as reais preocupações que cercam a situação, mas também soube trazer leveza e senso de humor à GN! E isso foi fundamental para que não sentíssemos o mesmo que o autor, ao saber da condição de Cati: piedade.
Pílulas azuis é uma GN de 2001, mas, ainda hoje, traz informações valiosíssimas sobre o vírus HIV. Particularmente, gostei muito de como a obra desmistifica muitos pontos da condição e mostra um pouco do dia a dia de quem convive com ela, direta ou indiretamente. Mas, no fim das contas, a história real de Frederik Peeters não é sobre o HIV. E sim, sobre o amor e o que fazemos por aqueles que amamos.
Título original: Pilules Bleues
Autor: Frederik Peeters
Editora: Nemo
Ano: 2001