Amizade, companheirismo e identificação. Ambição, inveja e traição. Esse poderia ser o resumo da amizade Victor Vale e Eli Cardale.
Os dois se conheceram na universidade e logo se tornaram melhores amigos. No último ano de faculdade, Victor inicia uma pesquisa sobre adrenalina, enquanto Eli passa a investigar se, após passar por experiência de quase morte, uma pessoa é capaz de desenvolver poderes extraordinários. Juntos, eles descobrem que a resposta é “sim”. E esse é o primeiro passo para que os dois melhores amigos se transformem em inimigos mortais – literalmente.
Vilão foi a minha primeira experiência com a tão elogiada V. E. Schwab. E ainda que o livro não tenha se tornado um favorito, foi uma ótima estreia. Com capítulos curtos, a leitura logo se revela viciante e envolvente. A história é narrada em diferentes pontos de uma linha do tempo que percorre 10 anos. Então, a missão do leitor é montar o quebra-cabeça que une passado e presente e, claro, se contorcer de curiosidade com os ótimos cliffhangers que encerram cada capítulo.
A religião é, de certa forma, um dos panos de fundo da trama. A crença de Eli o transforma em um verdadeiro paradoxo: humilde perante a Deus, porém arrogante diante dos humanos. E é isso que garante a tridimensionalidade do personagem, tornando suas atitudes não apenas críveis, como também plausíveis.
A princípio, pensei que a escolha do nome Victor fosse uma referência a Frankenstein. Afinal, tanto Victor Vale quanto Victor Frankenstein criaram seus monstros. No entanto, de acordo com a própria autora: “o nome de vilão de Victor era ‘Vicious’ (também o título original do livro). Quando eu estava tentando decidir qual seria seu nome, decidi que seria ‘Vic’ e isso me levou a Victor”. De qualquer maneira, teria sido uma referência interessante, já que as duas obras têm suas similaridades, embora sigam por caminhos distintos.
E agora, vamos à minha parte preferida da obra de Schwab: a exploração da subjetividade dos conceitos de herói e vilão. Da primeira à última página do livro, você vai se perguntar “afinal, quem é o mocinho dessa história?”. E o mais curioso é que a resposta pode mudar de pessoa para pessoa. Porque o que a trama faz é justamente brincar com a ideia de que ninguém é 100% bom ou mau.
Mas nós estamos condicionados a ter protagonistas e antagonistas – e você provavelmente terá os seus em Vilão. Mas envolto em névoa cinza, porque, nessa história, nada é preto no branco.
Título original: Vicious
Autor: V. E. Schwab
Editora: Record
Ano: 2013