Eu esperei muito. Muito tempo. Muita coisa. E valeu a pena. Mais uma temporada de Stranger Things, mais um tiro certeiro dos Duffer Brothers.
É o verão de 1985 em Hawkins, mas o clima alegre e vibrante dos dias quentes não poderia contrastar mais com o que irá se desenrolar nos novos episódios. Com os filmes clássicos de ação e terror dos anos 80 como grandes inspirações, a terceira parte da série é, provavelmente, a mais dark e frenética de todas. As inúmeras referências continuam, com pôsteres em todas as paredes possíveis, mas também em muitos elementos da trama. De O Enigma de Outro Mundo a O Exterminador do Futuro, passando por Dia dos Mortos, Alien, X-Men, A Incendiária, O Iluminado…
Concretizando o que já se desenhava em ST2, o inevitável coming of age é a base de ST3. Afinal, as crianças que conhecemos na primeira temporada já não existem mais. E como é difícil lidar com as mudanças! Com Mike e Lucas focados em Eleven e Max, Will perde seus companheiros de D&D. Dustin e Steve mantêm a improvável amizade, mas o quarteto original se vê abalado. E Jonathan e Nancy passam pela difícil transição de adolescentes para jovens adultos.
O empoderamento feminino continua em pauta, assim como reflexões acerca do machismo e outras questões importantes. E eu gosto muito de como a série aborda esses temas de maneira condizente com a época – afinal, estamos falando dos anos 80 e, de certa forma, os personagens também estão em processo de desconstrução.
Desde a primeira cena do primeiro episódio de ST, Will se tornou meu preferido. Então, confesso que queria uma participação mais contundente dele (um desperdício do talento de Noah Schnapp). E por fim, não poderia falar sobre a terceira temporada sem falar sobre perdas. Sem spoilers, apenas digo que sofri e chorei, mas que as considero do tipo que engrandecem a trama e os personagens.
Enfim, poderia ser apenas uma boa mistura de sci-fi, terror e drama. Mas Stranger Things é mais. É sobre quem somos quando compartilhamos – de jogos de RPG até perdas e traumas. Substitua o Mind Flayer pelo que devora nossas mentes na vida real e somos todos nós ali. Vivendo e sobrevivendo. Juntos.