Trinta e poucos anos. Maternidade. Um divórcio. Um novo amor.
Esses são os pilares de Placas Tectônicas, graphic novel autobiográfica assinada por Margaux Motin. Antes de iniciar a leitura, pensei que me identificaria bastante com a obra – ainda que não tenha passado pelas mesmas experiências da autora. No entanto, logo percebi que Margaux e eu temos não apenas vivências diferentes, como também jeitos bem distintos de encarar a vida.
Placas Tectônicas não conta uma história linear e, sim, narra causos específicos da vida da autora. Mas o ponto de partida é o divórcio e, confesso, a forma como ela retratou a vida durante e depois do casamento me incomodou. Entendo que seja um ponto de vista pessoal e que, infelizmente, as situações retratadas por Margaux são reais. Mas não gosto de generalizações e não posso negar o que realmente senti ao ler essas páginas.
A maternidade é outro ponto delicado da graphic novel. Não sou mãe, então, é ainda mais difícil opinar. Mas, mais uma vez, Margaux partiu para um extremo que não me agradou. Tenho certeza de que os sentimentos retratados por ela são totalmente reais e válidos. Porém, para mim, o recado foi: ser mãe é um saco, o tempo todo. Por outro lado, o novo amor foi bastante romantizado, dando a impressão de que a autora é, na verdade, uma adolescente.
Bom, acredito que tenha ficado claro que Placas Tectônicas não foi uma leitura que amei. Pode ser que as palavras “Bridget Jones dos quadrinhos” tenha elevado demais as minhas expectativas. Ou que Margaux e eu realmente não somos compatíveis.
Também não foi uma leitura desagradável. Repleta de senso de humor, a GN traz, sim, muitas das questões das mulheres de 30 e poucos anos – ainda mais em fase de redescoberta. E mesmo que você não se identifique com a autora, vai parar para pensar em si mesma.
Só não dá para dizer que Placas Tectônicas é o retrato de uma geração de mulheres. Porque, definitivamente, não é.
Título original: La tectonique des plaques
Autor: Margaux Motin
Editora: Nemo
Ano: 2013