Em Brasília, dezenas de políticos sofrem mortes inexplicáveis. Aparentemente, os crimes são de autoria de uma entidade misteriosa, que está disposta a vingar o povo brasileiro, aniquilando os corruptos que estão no poder. O detetive Cleyton Santos será o responsável por conduzir a investigação, que, definitivamente, não será tarefa fácil. E aos poucos, todos vão descobrir que o problema vai muito além da corrupção e de um governo que silencia opositores.

Uma das coisas que mais gosto em ler obras nacionais é reconhecer os cenários que fazem parte da trama. E em Corruption: O Senhor do Abismo Cósmico (Parte 1), essa conexão é intensificada de duas formas: por se tratar de uma história em quadrinhos, não precisamos imaginar nada, basta olhar e assimilar; logo nas primeiras páginas, nos deparamos com Brasília literalmente em chamas – e um local que, mesmo que mesmo que você nunca tenha visitado a capital brasileira, é impossível não reconhecer.

A atmosfera apocalíptica já aparece logo no início de Corrpution, com o sonho de Cleyton Santos. No entanto, aos poucos, o apocalipse também se revela uma metáfora para o que a corrupção faz com o nosso País. Talvez não haja prédios destruídos e fogo por todo lado, mas há um rastro de destruição ainda pior: aquele que não pode ser visto a olho nu. Aquele que é mais fácil de ser ignorado.

Com uma visão de justiça similar à de Death Note, mangá de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata, Corruption nos mostra também diferentes tipos de corrupção. E, sim, nos faz refletir nas pequenas corrupções que podem fazer parte do nosso dia a dia. O machismo é escancarado e doloroso, justamente por sabermos o quanto as situações retratadas ali são reais. A história ainda flerta com a religião de maneira provocativa, e esse é um ponto da história que, com certeza, ainda será desenvolvido.

A primeira parte de Corruption é, de fato, uma introdução à trama que vem a seguir. E, definitivamente, cumpre o papel de nos deixar ansiosos para saber como a história irá se desenrolar.

Autor: Tom Gomes
Ano: 2018