Sobre a série Bates Motel

Qualquer pessoa que conheça a história de Psicose acha que sabe do que se trata Bates Motel. Mas a verdade é: não tem como saber antes de realmente assistir à série. Porque ela é muito mais do que o “prólogo contemporâneo” do filme de Alfred Hitchcock e do livro de Robert Bloch. É, antes de qualquer coisa, a história de uma mãe e seu filho.

Em Bates Motel, temos a chance de conhecer Norma Bates por nós mesmos – e não apenas sob o ponto de vista de seu filho, Norman. E ela se revela uma personagem muito mais complexa do que poderíamos imaginar: uma mulher radiante, encantadora e extremamente forte, que também é um tanto solitária, impulsiva e até desequilibrada. Mas, no fundo, apenas uma mãe que faz mais do que pode para proteger o filho, ainda que de formas questionáveis.

Bates Motel também nos mostra um Norman Bates diferente do que conhecemos. Um garoto peculiar e por vezes explosivo, mas muito educado, gentil e amoroso. E é por isso que acompanhar a evolução, ou melhor, transformação do personagem ao longo das 5 temporadas é tão inacreditável quanto crível. É simplesmente arrebatador, em todos os sentidos.

Em outras palavras: Bates Motel traz o contexto que, se não justifica, ao menos fundamenta os comportamentos de Norma e Norman. E ao conhecer o passado dos dois, pude enxergá-los além da obsessão, me permitindo viver um pouco de suas angústias – ainda que não pudesse compreendê-las de fato. E, nossa, como eu desejei que eles tivessem um final feliz, ainda que soubesse de antemão que isso era impossível!

Um thriller psicológico com boas doses de drama familiar. Uma trama intrincada, que nos manipula e envolve. Uma série de suspense, que não deixa a desejar em crimes e mortes. Uma história de horror, cruel e perversa como poucas. Bates Motel é tudo isso, mas também é mais. É a tradução de família, segredos, escolhas e medos. É o retrato de quem está preso em uma “armadilha particular”, em que a loucura é transformada em realidade, e a realidade é transformada em loucura. E é sobre o poder que o amor tem de curar e de ferir.

Triste, doentio e perturbador. Mas, de alguma forma, belo e redentor em toda sua loucura e deturpação.

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