Resenha de Uma coisa absolutamente fantástica – Hank Green

Já é madrugada, e April May só quer chegar em casa após um dia de muito trabalho. Mas, quando encontra uma escultura que mais parece um robô gigante de 3 metros de altura, ela não pensa duas vezes: chama seu amigo Andy para gravar um vídeo para o YouTube. Na manhã seguinte, April May acorda e descobre duas coisas: a primeira é que há robôs idênticos espalhados em mais de 50 cidades pelo mundo, e ninguém sabe como eles chegaram; e a segunda é que ela se tornou uma celebridade da internet. Enquanto tenta lidar com as consequências da fama, April May começa a desconfiar que está envolvida em algo muito mais complexo do que poderia imaginar.

Eu confesso: falhei miseravelmente na missão de ler Uma coisa absolutamente fantástica sem comparar Hank Green ao seu irmão, John Green. E de fato, os dois têm muito em comum: o estilo de escrita, a forma como constroem a narrativa, as peculiaridades dos personagens – dá para perceber pelo nome da protagonista… Mas, antes mesmo da metade do livro, percebi que Hank segue por um caminho bem diferente do irmão, com muito menos romance e mais ficção científica. E querem saber? Eu adorei!

Uma coisa absolutamente fantástica é aquele tipo de livro que começa como quem não quer nada, mas que, sem que o leitor perceba, se transforma em uma trama viciante e de contornos épicos. Poderia dizer que a história de April May é sobre a forma como as redes sociais transformaram a sociedade. Ou sobre o novo conceito de fama. Ou ainda sobre o impacto que a vida virtual causa na vida real. E, sim, todas essas são discussões pertinentes propostas pela trama. Mas, para mim, a obra de Hank Green é mais do que isso: é o retrato fiel do mundo atual, em que a polarização e o ódio parecem mais poderosos do que qualquer outra coisa!

Com a teoria da conspiração como ingrediente principal, Uma coisa absolutamente fantástica fala sobre robôs gigantes que ninguém sabe para quê servem. Mas, talvez, eles não passem de mera metáfora, porque poderiam ser substituídos por tudo: política, futebol, religião, cinema… Quando entendi isso, entendi também que a obra de Hank Green, no fim, é sobre nós, humanos, e a forma como lidamos com a subjetividade. E também sobre como somos capaz de ser tão incríveis, quanto desprezíveis. Nem sempre escolher um lado é tão fácil quanto parece…

Título original: An absolutely remarkable thing
Editora: Seguinte
Autor: Hank Green
Ano: 2018
Páginas: 384
Avaliação: 4,5 estrelas

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