Derek Ouelette costumava ser uma estreia do hóquei! No entanto, seu temperamento explosivo fez com que ele perdesse tudo, se transformando em nada mais do que um bêbado violento. Derek passa a levar a vida de bar em bar, sempre se envolvendo em brigas encrencas. Até o dia em que seu passado o reencontra, fazendo-o entender que, sim, ainda há algo a perder.
Conheci Jeff Lemire há pouco tempo e, embora soubesse que ele é autor de diferentes livros e séries, fui surpreendida com o quanto Nada a perder é diferente de Black Hammer (minha primeira experiência com ele). A única coisa que as duas obras têm em comum é o fato de retratarem heróis (ainda que em diferentes contextos) em decadência. Enquanto Black Hammer é uma típica história de super heróis, com direito a toda a fantasia envolvida, Nada a perder é uma trama sobre pessoas reais e que poderia realmente acontecer. E já posso dizer que gostei muito mais dessa “nova faceta” que conheci de Lemire.
Mais do que ilustrar a história, os desenhos complementam a narrativa, reforçando a carga emocional da trama. Combinado ao predominante branco, o azul mantém a obra “gelada”, exatamente como Derek aparenta ser. Nas cenas em que o protagonista perde o controle, o vermelho se destaca, representando não apenas o sangue, como também a raiva que ele sente. E seu passado é colorido, com traços mais delicados, retratando uma época em que tudo era diferente e melhor.
De certa forma, Nada a perder fala sobre redenção. Mas não comece a leitura esperando uma grande lição de vida ou de superação. Porque a história de Derek Ouelette é honesta e realista, e não há espaço para a romantização. Mas com ela, aprendemos que, sim, sempre há algo a perder, até que se perca a última coisa que resta – a vida.
Título original: Roughneck
Editora: Nemo
Autor: Jeff Lemire
Ano: 2017
Páginas: 272
Avaliação: 5 estrelas
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