Jack sofre de prosopagnosia, doença que o impede de reconhecer rostos, e ninguém, nem mesmo seus pais, sabe disso. Libby perdeu a mãe e, após se tornar “a garota mais gorda dos Estados Unidos” e uma prisioneira da própria casa, decide voltar à escola e à vida social. Os dois se encontram em circunstâncias desagradáveis, mas, quando se conhecem melhor, descobrem que só um pode enxergar o outro como realmente é.
Quem me acompanha pelo blog ou pelo Instagram sabe que Por Lugares Incríveis, também de Jennifer Niven, é um dos meus livros young adult preferidos. Então, é claro que eu estava super curiosa e ansiosa para ler Juntando os pedaços (e como a Companhia das Letras me enviou uma prova antecipada, pude conhecer Jack e Libby antes do lançamento oficial <3). Já aprendi que altas expectativas são perigosas, então tentei manter as minhas sob controle. Até porque já imaginava que Juntando os pedaços dificilmente superaria, sequer se igualaria, a Por Lugares Incríveis. Mas eu confesso que comparar é inevitável e eu esperava um pouco mais da nova obra de Jennifer.
Escrever um best-seller deve ser maravilhoso, mas também assustador. Afinal, como já diria o Tio Ben, “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”. Ou seja, é óbvio que as expectativas em torno do livro sucessor estarão lá no alto (talvez por isso John Green ainda não tenha se aventurado depois de A culpa é das estrelas). E eu acho que essa pressão, infelizmente, ficou nítida no caso de Jennifer Niven. Garanto que não comecei a leitura de Juntando os pedaços esperando as mesmas sensações que tive com Por Lugares Incríveis. Mas, conforme lia a história, tudo o que eu conseguia sentir era o esforço da autora em criar uma dupla de protagonistas tão memorável quanto Violet e Finch. E, eu adoraria dizer o contrário, mas a verdade é: não deu tão certo.
A primeira coisa que me incomodou em Jack e Libby é que eles não soaram reais para mim. Apesar de cometerem erros, eles (principalmente ela) são maduros e “perfeitos” demais. Poderia ter me identificado com eles (principalmente com Libby) em vários aspectos, mas, por não sentir que eles poderiam ser pessoas de verdade, isso não aconteceu.
Amei a personalidade, a força e a coragem de Libby, e acho que a literatura, especialmente o gênero young adult, precisa de mais personagens como ela. No entanto, não achei as atitudes dela coerentes com seu passado e suas experiências. Não consegui enxergar um ponto de transição entre os dois momentos de Libby.
Já em relação a Jack, o que mais me incomodou foi o fato de que o problema dele poderia ser resolvido de maneira mais fácil. Não a prosopagnosia, claro, e não que fosse tarefa simples. Mas o fato de viver uma vida de aparências para que pudesse reconhecer a si e aos outros dentro dela. Por mais que a família de Jack tivesse problemas, não me pareceram o suficiente para ignorar uma questão de saúde tão séria.
No Encontro de Blogueiros da Companhia das Letras, Jennifer disse que Juntando os pedaços era uma história sobre “reconhecer um ao outro e encontrar seu lugar no mundo. Sobre enxergar e ser enxergado”. E, realmente, não existe descrição melhor. Afinal, Libby precisava ser vista por quem realmente é. E tudo o que Jack queria era reconhecer alguém além da fisionomia. Mas acho que o resultado final foi um pouco previsível demais e com pezinho no pedante. Vale a leitura? Vale, sim. No entanto, se ainda restava alguma dúvida, agora não resta mais: Juntando os pedaços jamais poderia ser comparado a Por Lugares Incríveis.
Título original: Holding up the universe
Editora: Seguinte
Autor: Jennifer Niven
Publicação original: 2016
[…] mas Jesse e Suze são imbatíveis since 2006. O casal que me fez querer vomitar: Jack e Libby, de Juntando os pedaços | Na tentativa de recriar Violet e Finch, de Por Lugares Incríveis, Jennifer Niven acabou […]
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