A história começa quando Greta pede ao marido, Einar Wegener, que ajude-a a terminar o retrato de sua cliente. Tudo o que ele precisa fazer é vestir as meias e os sapatos da moça e posar para a esposa. No entanto, o que era para ser apenas um favor acaba mudando completa e irreversivelmente a vida do casal. Naquela tarde, nasce Lili, uma espécie de alter-ego feminino de Einar, que cada vez mais toma conta de sua existência.
A versão cinematográfica de A Garota Dinamarquesa me chamou a atenção por conta da transformação física de Eddie Redmayne, que interpreta Einar/Lili no longa. Logo descobri que, além de ser inspirado em uma história real, o filme era baseado no livro homônimo de David Ebershoff. Foi quando decidi ler o livro antes de assistir à adaptação. Demorei muito mais do que gostaria para encaixar a leitura no “cronograma”, mas a espera valeu a pena, pois a história é realmente tão incrível quanto parece ser.
Logo nas primeiras páginas, já é possível perceber que David Ebershoff é capaz de tratar de um assunto delicado com sensibilidade e riqueza de detalhes, ao mesmo tempo em que mantém a fluidez e a leveza da história. O foco do enredo, claro, são as descobertas e a transição de Einar. No entanto, o autor faz questão de contextualizar cada ponto da trama com o passado, tanto de Einar, quanto de Greta, fazendo com que o leitor entenda e se afeiçoe ainda mais aos personagens.
Me interessei pelo livro porque queria saber como foi a transição de Einar para Lili – afinal, ela foi provavelmente a primeira mulher transexual a se submeter à cirurgia de redesignação de gênero. E, com toda a certeza, esse é o grande atrativo da história. Mas, a cada capítulo, me encantava mais e mais com Greta e toda sua sensibilidade, força, coragem, lealdade, generosidade e, principalmente, amor em sua forma mais sublime. Ao longo da história, ela enfrenta não apenas as mudanças de Einar, como também fantasmas de seu passado e a redescoberta de si mesma. Sim, também há muita raiva, mágoa, incerteza e ressentimentos entre Greta e Lili. E é exatamente isso o que a torna uma personagem ainda mais real e incrível.
Também gostei bastante de como David Ebershoff retratou Einar/Lili. O autor foi capaz de mostrar ao leitor que Einar sempre soube da verdade sobre Lili, mas nunca pensou que encontraria uma maneira de se tornar o que sempre foi por dentro. No entanto, a partir do momento que Greta, de certa forma, o liberta, fica impossível voltar atrás. E é por isso que A Garota Dinamarquesa trata de uma história tão atual, muito embora tenha acontecido há quase um século atrás. Naquela época, a questão era cercada por ignorância, no sentido de que havia pouca ou nenhuma informação sobre o assunto. Atualmente, há espaço para a luta, sim, mas também para a não aceitação por convicção.
Em A Garota Dinamarquesa, David Ebershoff transforma realidade em ficção e ficção em realidade, tornando o amor e o sofrimento de Greta e Lili palpáveis. E mais do que uma história sobre transexualidade, a obra mostra a importância de se permitir ser o que se é. Afinal, com o tempo, quase tudo muda: os valores, as lutas, as barreiras, os direitos… Mas a coragem continua a mesma.
Título original: The Danish Girl
Editora: Fábrica231
Autor: David Ebershoff
Publicação original: 2000
Estou sendo preguiçosa e ainda não vi o filme. Necessito! Já está baixado!!
Tá mesmo! Mas o azar é seu, né migs… hahahah!
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