Tender Branson era membro da Crendice, uma seita religiosa radical, até ser obrigado a deixar a colônia para trabalhar no “mundo exterior”. Quando todos os participantes da Crendice se suicidam por conta de uma força maior, muitos dos crentes no mundo exterior também tiram suas vidas. E os que não o fizeram começam a ser chamados de sobreviventes. Tender é um deles, mas, 10 anos depois, está decidido a, enfim, se suicidar. Então, ele sequestra um avião rumo a Austrália. Mas antes que o combustível acabe e os quatro motores quebrem, Tender decide usar a caixa preta da aeronave para contar a história que o levou ao suicídio.
Eu conheci Chuck Palahniuk com o incrível Clube da Luta, o que quer dizer que foi simplesmente impossível não elevar as expectativas em relação aos outros livros do autor. A segunda obra que li de Chuck foi Condenada, que, embora não chegue aos pés de seu livro de estreia, não me decepcionou. Depois, foi a vez de Maldita. E a história de amor entre nós simplesmente chegou ao fim. Apesar disso, decidi ler Sobrevivente e, mesmo não tendo sido um sacrifício, posso dizer que terminei a leitura um tanto desapontada.
É inegável que Chuck tem as ideias mais originais e mirabolantes e as inovações já começam quando o leitor abre o livro e descobre que as páginas são impressas de trás para frente. Tudo corre bem até perto da metade da obra, quando se começa a ter a impressão de que o maior prazer do autor é (tentar) chocar o leitor – o mesmo que acontece em Condenada e, principalmente, em Maldita. Não me levem a mal, não sou badass nem puritana, e é preciso um pouco mais do que mas sexo, escatologia e detalhes sangrentos para me chocar. Aliás, o choque está, na maioria das vezes, justamente na sutileza e na verossimilhança.
Assim como nos outros livros que li do autor, as críticas aos sistemas religiosos e aos valores da sociedade como um todo são a tônica da história. Regada a muito sarcasmo e humor ácido, outras marcas registradas de Chuck, a trama também mostra a “fabricação” de um líder e, mais uma vez, aborda a megalomania sem limites – por mais redundante que isso possa ser. Gosto da escrita fluida do autor e amo suas ideias sempre originais e mirabolantes. Mas simplesmente não consigo lidar com essa mania de (tentar) chocar o leitor apenas por prazer. Me julguem.
Título original: Survivor
Editora: Editora Leya
Autor: Chuck Palahniuk
Publicação original: 1999
[…] Sobrevivente […]
[…] que tem a assinatura dele. Maldita, a continuação de Condenada, já havia me decepcionado. Mas Sobrevivente foi a confirmação de que nem tudo o que o autor escreve é ouro.Muito pelo contrário. O livro que […]
[…] simplesmente um suplício, tanto que me fez rever os conceitos sobre o autor. (Depois, ainda li Sobrevivente, que me fez ter a certeza de que “deu” de Chuck Palahniuk nessa […]