Para Jack, o Quarto é tudo o que existe no mundo. É onde ele nasceu, há 5 anos, e onde divide com a Mãe uma vida que se resume basicamente a dormir, comer, brincar, aprender e, todas as noites, se esconder do Velho Nick dentro do guarda-roupa. Para a Mãe, no entanto, o Quarto é o pesadelo em que sua vida se transformou há 7 anos. E de onde ela não vê a hora de sair.
Sei da existência de Quarto já há um bom tempo, mas, por causa da minha péssima mania de não ler sinopses, não sabia sobre o que era a história e nunca me dei ao trabalho de me informar. Quando começaram a falar sobre a versão cinematográfica, porém, descobri sua premissa e logo me interessei. Então, as expectativas que antes não existiam em torno de Quarto surgiram como num passe de mágica e, com certeza, não eram baixas. E o que posso dizer após a leitura é que Emma Donoghue me surpreendeu e desapontou em medidas iguais.
Apesar de se tratar de uma história pesada, Quarto é muito fluido e conta com uma dose certeira de senso de humor – tudo isso graças à inocência de Jack, nosso narrador em primeira pessoa. Sei que muitos leitores não têm paciência com histórias narradas por crianças, no entanto, no caso de Quarto, acho que foi uma decisão muito sábia de Emma Donoghue. Afinal, somente na perspectiva de Jack conseguimos ter ideia da dimensão de tudo o que ele NÃO sabe sobre o mundo real, ou o Lá Fora. E este é, para mim, a principal chave da história: a ignorância e não a privação.
A primeira metade do livro me agradou bastante. Tentei me colocar no lugar tanto de Jack, para quem o Quarto representava o mundo, quanto da Mãe, para quem o Quarto era um local assustador e limitador. E os episódios retratados pela autora cumpriram bem o papel de fazer o leitor refletir sobre a situação dos personagens e entender a relação de cumplicidade, sim, mas também de dependência nociva, entre Jack e a Mãe. No entanto, achei que um acontecimento em específico se desenrolou de maneira repentina e até simplória, o que comprometeu o restante da história, fazendo com que ela até perdesse um pouco do apelo.
Ainda assim, Emma Donoghue consegue prender a atenção do leitor ao mostrar de forma bastante realista e brutal as consequências do confinamento, tanto para Jack, quanto para a Mãe. Mas o que realmente me incomodou em Quarto foram as possibilidades que a autora desperdiçou de explorar temas complexos, como a Síndrome de Estocolmo e outros tantos aspectos que não quero enumerar para não dar spoiler. E se essa foi uma decisão consciente de Emma Donoghue, para mim, o livro poderia ter umas 100 páginas a menos. De qualquer forma, Quarto é uma leitura arrebatadora e interessantíssima e que nos faz refletir sobre diversos tipos de confinamento – especialmente, o que rompe as barreiras do mundo físico.
Título original: Room
Editora: Verus
Autor: Emma Donoghue
Publicação original: 2010
[…] No final das contas, em quase 2 meses usufruindo do serviço, li apenas Boneco de Neve e Quarto, além de ter baixado A Garota do […]
Gostei da leitura mas concordo com os pontos que você levantou. Tudo acontece rápido (do meio pro fim) e ela poderia ter abordado mais os temas complexos.
Já viu o filme? Ficou ótimo.
Beijos
http://www.jeniffergeraldine.com
Não é? Para a sorte dela, o livro não ficou cansativo. Mas, realmente, o número de página poderia ter sido melhor aproveitado!
Estou louca para ver o filme, tenho a sensação de que será melhor que o livre, haha!
Beijos
[…] Quarto de Jack (adaptação de Quarto) O Quarto de Jack me chamou a atenção pelo mesmo motivo que A Garota Dinamarquesa – as […]
Eu sempre via esse livro e nunca me interessava em ler a sinopse. Até que o burburinho do Oscar me contou do que trata o livro e agora quero ler hahahah
Mas isso me deprime um pouco, saber que poderia ter 100 páginas a mesmo. Não gosto quando os autores fazem isso, tantos livros com 200 páginas que são ótimos né.
Aconteceu exatamente o mesmo comigo, hahaha! Mas, apesar das “páginas a mais”, não é um livro cansativo, não, viu? Vale a pena! Mas concordo que poderia ser um ótimo livro com 200 páginas!
Beijos
[…] Quarto […]