Resenha de Por favor, cuide da mamãe – Kyung-Sook Shin

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Aos 69 anos, Park So-Nyo se perde do marido em meio à multidão na estação de Seul, na Coreia do Sul, e é dada como desaparecida. A partir de então, seus filhos, especialmente Chi-Hon e Hyong-Chol, iniciam uma busca incessante pela mãe. A cada dia que passam sem descobrir seu paradeiro, os filhos são atormentados por lembranças de Park So-Nyo e percebem que, na verdade, nunca se preocuparam em conhecer a pessoa por trás da figura da mãe.

A história é narrada por diferentes personagens, em primeira, segunda e terceira pessoas, o que faz com que o leitor conheça a situação por diversos pontos de vista e, eventualmente, assuma um papel dentro da trama e sinta com ainda mais intensidade a angústia e o desesperoRessentimento, culpa, remorso e arrependimento são os principais ingredientes da obra e, por isso, ela não poderia ser nada menos do que densa, inquietante e, muitas vezes, dolorosa.

Por favor, cuide da mamãe é uma leitura que, embora tenha sido recomendada por várias amigas, adiei por um bom tempo. Mas não por falta de vontade de ler e, sim, por “medo” do que a história causaria em mim. No entanto, confesso que não consegui me identificar com a obra da forma que esperava. Talvez pelo fato de que, ao mesmo tempo em que não fui uma filha perfeita para a minha mãe, acredito que não tenha cometido a maioria dos erros graves que os filhos de Park So-Nyo e, portanto, não tenha esses sentimentos específicos.

Mas isso não muda o fato de que Por favor, cuide da mamãe é um tapa na cara e provavelmente nenhum leitor terminará o livro indiferente. Acredito que nossa história de vida influencie muito na forma como uma obra nos toca e, no caso deste, mais do que nunca. Então, embora não tenha me identificado tanto com a trama quanto esperava, para mim fica claro que a mensagem central de Por favor, cuide da mamãe é a de que, muitas vezes, reconhecer o sacrifício que são feitos por nós é a única retribuição que se deseja e espera.

No final das contas, a verdade é que nem todos são ou se tornam maridos, esposas, mães, pais, irmãos, mas todos somos filhos e o amor à mãe é, na maioria das vezes, incondicional, o que, ironicamente, muitas vezes o torna descartável. Não deixe que as pessoas que você ama desapareçam quando não habitarem mais este mundo, e muito menos enquanto ainda existirem.

Título original: Please, look after mom
Editora: Intrínseca
Autor: Kyung-Sook Shin
Publicação original: 
2008

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7 comments

  1. 1) foto lindaaaa

    2) foda. hahahah. Eu também não me identifiquei no mesmo nível, mas é um livro com um SOS tão grande estampado em todas as páginas…e basicamente cai naquilo não só dos filhos, mas do esposo também e da forma como TODOS idealizamos uma mulher que é mãe. Nos esquecemos de que são mulheres e que também são seres com objetivos e amores além da família. Elas também precisam da sua individualidade e precisam ser enxergadas como pessoas. Mas é difícil, né? Olhar para a mãe e pensar em mil coisas que não sejam “ela é minha mãe”. Acho que é por isso que esse livro é forte e mesmo quem não teve os mesmos problemas consegue se identificar de alguma maneira. Podemos não ter sido tão duras e negligentes como os filhos dela, mas quantas vezes poderíamos ter sido melhores, não é?!

    3) foto maravilhosaaaa

    4) é isso aí. hahahah! Linda resenha, Ná!

    Beijos! :D

    • Hahahaha obrigada, você sabe os bastidores da foto, haha!
      Com certeza é um livro que mexe com qualquer um, porque, afinal, todos temos mãe, nos dando bem com elas ou não. E com certeza o sentimento que fica é o de que sempre podemos ser melhores, mesmo quando fizemos o que estava ao nosso alcance. Todo mundo deveria ler e refletir sobre o próprio comportamento!
      Beijos

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