Quando tinha apenas 8 anos de idade, David presenciou o assassinato brutal dos pais. Mais de duas décadas após o crime, ele decide repetir a atrocidade com outras famílias, mas não apenas por vingança ou pura crueldade: David quer descobrir o quanto esse tipo de trauma pode influenciar a vida e a personalidade das crianças órfãs. Para realizar o “estudo”, ele convida o psicólogo William, que está disposto a fazer o que for preciso para tornar o mundo um lugar melhor, para acompanhar o crescimento das crianças que perderão os pais pelas mãos do próprio David. Não aceitar é uma opção?
Eu já havia visto alguns comentários – positivos, diga-se de passagem – sobre O Sorriso da Hiena, mas confesso que ainda não tinha me interessado em ler o thriller. No entanto, quando uma amiga me deu o livro de estreia de Gustavo Ávila de Natal e me contou a sinopse, foi impossível não ficar pelo menos curiosa – ainda mais eu, que adoro histórias que abordam as loucuras da mente humana. E não me arrependi ou decepcionei, pelo contrário!
… não era o bastante salvar um corpo, eu tinha que encontrar um jeito de salvar a cabeça das pessoas…
O Sorriso da Hiena é narrado sob vários pontos de vista e os protagonistas são David, o assassino; William, o psicólogo; e Artur, o detetive. Ou seja, por meio dos personagens, temos um panorama bastante completo e tridimensional dos crimes, das motivações de cada um e também da investigação. E apesar de descrever as cenas com riqueza de detalhes, o autor mantém o estilo direto e sem mais delongas, o que torna a leitura fluida e ainda mais suscetível à curiosidade inevitável do leitor.
Quando a gente entende a dor, paramos de sentir medo dela e conseguimos encará-la de frente, argumentar com ela e fazer com que ela vá embora ou que pelo menos fique em silêncio.
É claro que em nenhum momento aceitei ou concordei com as atitudes e decisões de David. Mas, assim como em Precisamos falar sobre o Kevin, é possível compreender suas motivações, ainda que sem deixar de considerá-las absurdas e cruéis. E seria redundância dizer que o suspense e o clima doentio dominam a obra de Gustavo Ávila.
Às vezes, a coragem está em não fazer nada.
Ao ler O Sorriso da Hiena, fica claro o cuidado que o autor teve ao construir o pilar psicológico da trama, abordando diversas problemáticas por meio de seus três personagens principais. Além de ser um romance policial bem amarrado e surpreendente, a obra ainda apresenta o leitor a dilemas morais passíveis de reflexão, com direito a doses de megalomania e ambição obsessiva. Admito que, com tantos acontecimentos e surpresas no desenrolar da trama, algumas pontas acabaram ficando soltas pelo caminho. Mas o que O Sorriso da Hiena nos faz realmente perguntar é: até onde os fins podem justificar os meios?
Título original: O Sorriso da Hiena
Autor: Gustavo Ávila
Publicação original: 2015
Quero muito ler esse!
Tenho escutado falar muito bem deste livro. Tô ficando curiosa! Haha
Nunca tinha ouvido falar desse livro até vc mostrá-lo. Confesso que tbm tenho um certo preconceito com literatura nacional, principalmente com os autores auto-publicados (é assim que escreve?), mas essa parece ser uma boa trama.
Sobrando espaço na agenda de leitura, quem sabe não pego emprestado com vc?!
Beijos!
É uma boa trama, sim, apesar dos pequenos buracos. Acho que logo logo ele vai ser adotado por alguma editora, tipo o Raphael Montes. Tomara, porque eu gostei mais do que de Dias Perfeitos.
Beijos
Foi um UFA! ver que o presente “mais do mesmo” de Natal agradou! :D
Eu senti a mesma coisa que você: até que dá para entender David e Kevin, no final. Desse jeito, não é um entender de passar a mão na cabeça, mas um entender de “uhum, tá”, entende? hahaha.
Que mais do mesmo o quê! Livro nunca é mais do mesmo, haha!
Exatamente! Não é compreender no sentido literal. É compaixão, eu acho. É doido.
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