Em quase 40 anos de vida, Bartholomew Neil nunca trabalhou fora, nem tomou uma cerveja com um amigo ou sequer teve um encontro amoroso. Apenas morou com a mãe e cuidou dela em seus últimos anos de vida. Por isso, não é de se surpreender que, após a morte de sua única família, Bartholomew não saiba exatamente como tocar a vida.
Completamente perdido, ele encontra uma carta de Richard Gere na gaveta de calcinhas da mãe, o que considera um sinal do destino, e começa escrever para o ator. Em seus relatos extremamente íntimos, Bartholomew revisita a infância, relembra o passado, mantém a memória da mãe viva e narra sua jornada em busca de novos companheiros para a vida.
Não tem como negar que Matthew Quick é repetitivo em seus livros. No entanto, por mais que o comentário soe negativo, não se trata de uma crítica. Explico: por incrível que pareça, apesar de abordar os mesmos temas e formatos, o autor sempre consegue, de alguma forma, encontrar o ineditismo em suas obras e presentear o leitor com tramas envolventes e morais da história inspiradoras. Em A Sorte do Agora, Quick recorre mais uma vez à narrativa epistolar, ou seja, as cartas têm papel fundamental no desenrolar da história, assim como em O Lado Bom da Vida e Perdão, Leonard Peacock.
E o que é a realidade senão a forma como nos sentimos sobre as coisas?
Já de Quase uma rockstar, o autor empresta a forma de abordar a religião, de maneira fervorosa, mas livre de intolerância. As principais características dos protagonistas são outra semelhança entre as duas obras: tanto Bartholomew quanto Amber Appleton são ingênuos e têm senso de humor apurado, além da compaixão e da vontade de fazer o bem. E se Dr. Patel e Herr Silverman brilham como coadjuvantes em O Lado Bom da Vida e Perdão, Leonard Peacock, respectivamente, a finada mãe de Bartholomew é quem rouba a cena em A Sorte do Agora, apesar de não aparecer no livro “em tempo real”, com suas teorias e filosofias, que se transformam em ensinamentos e motivos de reflexão.
“Reze para seu coração ser capaz de aguentar tudo o que acontecer com você no futuro. Seu coração tem que continuar acreditando que os acontecimentos neste mundo não são tudo ou nada, e sim simples variáveis transitórias sem importância”
A Sorte do Agora pode ter momentos previsíveis e não apresentar grandes novidades em relação às outras obras de Matthew Quick. Mas é mais uma prova de que o autor é capaz de navegar entre polos opostos com maestria e criar histórias sensíveis e brutais, devastadoras e bem humoradas e, acima de tudo, repletas de dor e de esperança. Com personagens de certa forma irreais, mas extremamente cativantes, Quick explora as melhores virtudes humanas e, em A Sorte do Agora, nos mostra que fingir não precisa ser sempre algo ruim – pelo contrário, pode ser a chave para transformar em realidade.
Título original: The Good Luck of Right Now
Editora: Intrínseca
Autor: Matthew Quick
Publicação original: 2014
[…] Spiegelman Julho – Édipo Rei, Sófocles Agosto – nada :( Setembro – A Sorte do Agora, Matthew […]
[…] Escarlate é um livro muito chato e terminá-lo foi um verdadeiro desafio. A leitura mais fácil: A Sorte do Agora/Quase uma rockstar, Matthew Quick | Apesar de achar que Quick tem deixado a desejar no quesito […]
[…] A Sorte do Agora, Matthew Quick Por mais que você não caia de amores pela história, é praticamente impossível não devorar um livro do Matthew Quick. Sempre leio mais rápido do que quero/espero. […]
[…] A Sorte do Agora, Matthew Quick A Sorte do Agora é uma visão extremista do que é perder alguém, até mesmo a mãe, já que Bartholomew Neil, o protagonista, não é uma pessoa como todas as outras. No entanto, a história de Matthew Quick é muito mais sobre manter as lembranças de uma pessoa sempre viva e, por consequência, mantê-la viva também! […]
[…] Leonard Peacock quase sem restrições. E apesar de ter gostado de Quase uma rockstar e A Sorte do Agora, lembro de ter achado as duas histórias um tantinho exageradas em alguns aspectos, o que […]