A atriz mirim Kirsten Raymonde tinha apenas 8 anos quando presenciou a morte do ator Arthur Leander, vítima de um ataque cardíaco durante uma apresentação de Rei Lear. Assim que percebeu o mau súbito de Arthur, o ex-paparazzo e então paramédico, Jeevan Chaudhary, invadiu o palco a fim de reanimá-lo, mas não obteve sucesso. Naquela mesma noite, a Gripe da Geórgia se espalhou com velocidade e letalidade jamais vistas, levando o mundo a um estado de pandemia sem precedentes.
Em um cenário completamente destruído, os poucos sobreviventes do que passou a ser chamado de Calamidade tiveram que aprender a viver em condições precárias. Vinte anos depois, Kirsten é uma das integrantes da Sinfonia Itinerante, que interpreta as obras de Shakespeare em pequenas comunidades de sobreviventes. Durante uma das viagens, o grupo conhece um homem que se autointitula O Profeta e que cava sepulturas para quem decide deixar sua cidade. E, então, o cenário que já era inóspito os torna ainda mais vulneráveis.
Eu confesso que não tinha planos de ler Estação Onze, mas, após receber um exemplar da Intrínseca, pesquisei sobre o livro e me interessei. A história é narrada em terceira pessoa sob os pontos de vista de vários personagens e vai e volta em uma linha do tempo de cerca de 50 anos. Então, para não perder o fio da meada, é preciso prestar muita atenção e, talvez por isso, a leitura demore um pouco para engrenar – no entanto, quando engrena, é difícil parar. Ao longo do livro, Emily St. John Mandel conecta todas as histórias, em todas as épocas, de maneira surpreendente, mas completamente plausível.
Primeiro, só desejamos ser vistos, porém quando somos vistos, isso já não é mais suficiente. Depois, queremos ser lembrados.
Como toda distopia, Estação Onze tem aquele lado “divertido” que nos mostra como seria o mundo sem itens que parecem tão básicos e indispensáveis hoje em dia, como celular, internet e computador. No entanto, diferente da maioria dos livros do gênero, o de Emily St. John Mandel se passa apenas 20 anos após o apocalipse e, por isso, a maioria dos personagens ainda se lembra de como era o mundo como o conhecemos atualmente, o que causa um impacto e, portanto, uma reflexão ainda maiores.
O inferno é a ausência das pessoas de quem temos saudade.
Pandemia, devastação, apocalipse e conspiração à parte, Estação Onze celebra a eternidade das palavras por meio das histórias de Shakespeare (e do Dr. Onze), que atravessaram gerações e mais gerações por quase 500 anos e que, mesmo após a Calamidade, continuaram a se propagar e encantar. Ler Estação Onze me fez pensar muito sobre as guerras e catástrofes que muitos de nós só vemos pela TV e chegar à conclusão de que sobreviver pode não ser suficiente, mas, com tantos pequenos apocalipses diários pelo mundo todo, será que não estamos sempre mais do que sobrevivendo, de alguma forma?
Título original: Station Eleven
Editora: Intrínseca
Autor: Emily St. John Mandel
Publicação original: 2014
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