Aos 16 anos, a narradora anônima de Innocents decide seduzir o professor de 34 e se descobre muito mais poderosa do que poderia imaginar. Então, após uma briga, ela deixa a casa dos tios, que são seus guardiões, para morar com o professor, que muda a rotina radicalmente para encaixá-la perfeitamente em sua vida. Os dois passam a viver em um universo particular, em uma relação abusiva, deturpada e perversa, e, então, a diferença de idade passa a ser o menor dos problemas.
Innocents entrou para a minha lista de leituras por indicação do Goodreads, a partir de Tampa, de Alissa Nutting. Realmente, pela sinopse, Innocents e Tampa têm muito em comum, embora as situações sejam diferentes. Já na execução… o primeiro deixa muito a desejar. Cathy Coote conta a história por meio de uma carta da adolescente anônima para o professor, em que, após um acontecimento ainda misterioso, ela revisita a relação dos dois e revela suas verdadeiras intenções por trás de cada atitude. E o recurso é perfeito para manter o mistério e atrair cada vez mais a atenção do leitor.
Mas a verdade é que, ao longo da trama, Innocents perde cada vez mais o apelo, e a história, aparentemente sem grandes conflitos, se torna repetitiva e cansativa. Daí o leitor pensa: “vai ter uma reviravolta, que vai justificar toda essa repetitividade e compensar a falta de conflitos”. Não, não vai. Na verdade, Cathy Coote até guarda uma surpresa para o final, mas, depois de tudo o que foi contado ao longo do livro, o ocorrido nem pode ser chamado de reviravolta e chega até a ser incoerente com os comportamentos relatados até então.
Antes de ler Innocents, também li alguns comentários sobre as “chocantes” cenas de sexo explícito. E, sim, elas até existem, mas nem se comparam às de Tampa e até às de livro mais “light“, como Entre o Agora e o Nunca. Ou seja, se você se interessou pela obra de Cathy Coote pelo erotismo, escolha outra enquanto ainda é tempo. E depois de esculachar Innocents, você me pergunta: por que duas estrelas, então, e não uma só? Explico: apesar de todas as falhas supracitadas, a obra, que foi escrita quando Cathy Coote tinha apenas 19 anos, é muito fluida e retrata minuciosamente – até demais – a mente perversa, obsessiva e manipuladora da protagonista anônima.
Mas ainda não acabou e eu guardei a maior falha de Innocents para o final: não é possível afirmar com certeza que Cathy Coote quis exaltar o empoderamento da figura feminina. No entanto, é o que parece e, se assim foi, o que a autora conseguiu foi criar uma história que depõe contra homens E mulheres, além de dar voz a uma personagem que usa o corpo e o sexo não exatamente por ser livre e dona de si, mas para obter um poder de certa forma ilegítimo, para fins ainda mais duvidosos.
Título original: Innocents
Autor: Cathy Coote
Publicação original: 2002
Oi, Ná!
Bom, por sua recomendação eu comecei a ler Innocents e tbm por ela abandonei o livro em 15%. A premissa inicialmente parecia boa, mas mesmo no pouco que li já estava sentindo muita enrolação e percebi que não haveria “sedução” nenhuma por parte dela.
Fiquei decepcionada pelo livro ser ruim… Queria tanto um novo Tampa na minha lista.
Beijos!
Nem me fala… também estava super animada e até achei que começou bem. Bom, tem outro que peguei da mesma lista e que chama The end of Alice. Se quiser… eu acho que darei uma chance, afinal, ela não tem culpa, né? Hahaha!
Beijos
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