Mim Malone vive à base de remédios contra sua vontade e não está nada bem. Para piorar a situação, ela é obrigada a trocar Ohio por Mississippi para viver com o pai e a madrasta e, antes mesmo de se adaptar à nova vida, descobre que a mãe está doente. Mim não sabe exatamente o que está acontecendo, mas sente que ela precisa de sua ajuda e decide embarcar em uma viagem de ônibus rumo à Cleveland, onde a mãe está. Durante a jornada, Mim se depara com muitos contratempos e reencontra não apenas a verdade e a si mesma, mas também amizades inesperadas que redefinem os significados de amor e companheirismo.
Comecei a leitura de Mosquitolândia sem saber exatamente o que esperar – confesso que achei o nome engraçado, hehe -, e fui tanto surpreendida, quanto levemente desapontada. Explico: adorei o estilo honesto e direto da narrativa de David Arnold, assim como a forma pura e ao mesmo tempo madura com que ele retrata a amizade, a lealdade e a cumplicidade; no entanto, não gostei muito de alguns lugares-comuns que apareceram na obra, como o previsível “bad-boy-que-no-fim-não-é-tão-bad-boy“, Beck, e algumas rebeldias de Mim, típicas de adolescentes irritantes de young adults.
Mas essa é a essência da mudança, não é? Quando é gradual, chama-se crescimento; quando é rápida, mudança.
Mosquitolândia alterna o presente e o passado de Mim, o que aguça a curiosidade do leitor sobre as circunstâncias que a levaram a fugir da casa do pai e da madrasta. A protagonista, aliás, lista todos os motivos em cartas que, apesar de serem endereçadas a Isabel, não deixam claro seu real destino, adicionando ainda mais suspense à trama. E apesar de a história ser relativamente densa e dramática, Mosquitolândia conta com senso de humor apurado e tiradas inteligentes, que garantem a leveza e originalidade da obra.
E, por mais simples que pareça, acho que entender quem você é – e quem não é – é a coisa mais importante de todas as Coisas Importantes.
Mosquitolândia me lembrou bastante de Cidades de Papel, de John Green, e não só pela questão da road trip, mas também pela forma como David Arnold ressalta a importância da amizade. Outro ponto que as duas obras têm em comum é a mania intrínseca ao ser humano de transformar pessoas em ideias boas ou ruins, em vilões ou mocinhos, esquecendo que todo mundo, sem exceção, é tridimensional e possui tanto qualidades quanto defeitos.
Desenvolvi uma teoria que gosto de chamar de “Princípio da Dor”. Basicamente é: a dor torna as pessoas quem elas são.
Depois de tantos conflitos e algumas reviravoltas, achei o final de Mosquitolândia um pouco corrido e a redenção de Mim Malone, fácil e relativamente simples. No entanto, a verdade é que a obra de estreia de David Arnold tem aquilo que faz quase qualquer livro valer a pena – uma moral da história incontestável. E, em Mosquitolândia, a trajetória de Mim Malone deixa claro que só aprende de verdade quem não para apenas para falar, mas também para ouvir.
Título original: Mosquitoland
Editora: Intrínseca
Autor: David Arnold
Publicação original: 2015
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[…] | Que leitor assíduo não ficaria com vontade de ler esse livro? O título mais nada a ver: Mosquitolândia, David Arnold | Sério, esse título não me diz absolutamente nada e, se não fosse a capa super […]