Téo é um jovem solitário e sua rotina se divide entre as aulas da faculdade de medicina e os cuidados com a mãe paraplégica. Durante um churrasco, porém, ele conhece Clarice, uma aspirante a roteirista que, com uma personalidade livre e irreverente, chama sua atenção. Apaixonado, o estudante de medicina bola um plano para reencontrar Clarice, no entanto, a reaproximação não surte o efeito esperado. A partir daí, Téo revela a personalidade psicopata e faz tudo o que pode – e também o que não pode – para entrar na vida da garota.
Doentio. Esta é a palavra que melhor define Dias Perfeitos. Diferente de outros livros do gênero, a história de Raphael Montes deixa claro desde o início que Téo não é uma pessoa normal, preparando o leitor para o que vem a seguir, ao mesmo tempo em que aguça sua curiosidade e aumenta a expectativa em relação à trama. Ao narrar os acontecimentos do ponto de vista do psicopata e não da vítima, diferente de Bela Maldade, por exemplo, o autor consegue explorar muitas nuances da doença, assim como expor a absurda distorção da realidade que ela causa.
O ritmo de Dias Perfeitos é um dos pontos altos da obra, já que a leitura flui de uma forma que fica até difícil largar o livro. Como todo thriller psicológico, a história de Raphael Montes é repleta de surpresas e, por retratar a psicopatia, conta com uma boa dose de acontecimentos impensáveis. Não sei se a intenção do autor era criar uma trama bem amarrada, como Não conte a ninguém, de Harlan Coben, por exemplo. Se sim, confesso que senti falta de problemáticas paralelas, que saíssem do universo de Téo e Clarice e deixassem a história suscetível a reviravoltas ainda maiores. Agora, se a ideia era apenas traçar o perfil de um psicopata, Dias Perfeitos cumpre seu papel com uma trama relativamente simples, mas rica do ponto de vista psicológico.
Eu estava bastante curiosa para saber como a história terminaria, no entanto, confesso que achei o final um pouco acelerado e até simplório. Por um lado, acho que o desfecho não poderia ter sido muito diferente, mas, por outro, fica o desejo de ser surpreendida. De qualquer forma, Raphael Montes retrata o psicopata com maestria e transforma a história de Téo e Clarice em uma analogia à própria doença: um universo sombrio, solitário e impiedoso, uma verdadeira prisão particular.
Título original: Dias Perfeitos
Editora: Companhia das Letras
Autor: Raphael Montes
Publicação original: 2014
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