Resenha de Primeiro e Único – Emily Giffin

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Walker, no Texas, respira futebol americano, assim como Shea Rigsby. Por conta do amor pelo esporte e pelo time da faculdade local, ela se recusa a deixar a pequena cidade onde nasceu e cresceu, e até arranjou um emprego no departamento de esportes da universidade.

Fruto de um lar desfeito, Shea encontrou tranquilidade e segurança na família de sua melhor amiga Lucy, que é filha do lendário treinador do time de futebol americano da Walker, Clive Carr, seu ídolo. No entanto, quando Connie, a mãe de Lucy, perde uma batalha para o câncer, muitas coisas se transformam na vida de todos que estavam ao seu redor e Shea decide que está na hora de sair da zona de conforto. Mas, talvez, a mudança que mais deseja esteja, literalmente, ao seu lado.

Emily Giffin é uma das autoras que eu mais gosto, por ser capaz de criar dilemas realmente complicados de resolver e sem precisar recorrer aos “contos de fadas modernos”. Por isso, nem mesmo as críticas negativas sobre Primeiro e Único me fizeram desanimar, mas devo confessar que o mais recente livro da autora deixa um pouco a desejar em relação aos seus melhores – para mim, Questões do Coração, O Noivo da Minha Melhor Amiga e Presentes da Vida, respectivamente.

– Tem certeza disso? – perguntei, protelando, mas também pensando que amar alguém significa, muitas vezes, ter confiança nessa pessoa.

O primeiro ponto negativo de Primeiro e Único é o ritmo: o início é um pouco truncado e a história demora para engrenar. Mas, lá pela página 100, a trama pega no tranco e a leitura começa a fluir e a se parecer mais com uma obra de Emily Giffin. O aspecto que mais me deixou com o pé atrás, porém, eu não posso revelar, pois seria um spoiler sem perdão. De qualquer forma, bizarro ou não, o fato é que esse aspecto pode ter me incomodado, mas é também um sinal de coragem da autora e é exatamente o que dá o tom à toda a obra.

O amor faz tudo parecer instável e, quando paramos para pensar nisso, tudo na vida é frágil, fugaz e, por fim, trágico.

O que mais me incomodou em Primeiro e Único, porém, não tem nada a ver com a trama em si e, sim, com a tradução. É comum encontrar um errinho ou outro nos livros, afinal, tradutores, editores e revisores não são máquinas. Mas o que encontrei no livro de Emily Giffin não pode ser chamado de “errinhos”: falta de padrão e checagem (tipo escrever Gisele – a Bündchen – com dois L’s) e erros que acredito serem de digitação são os mais comuns, no entanto, o mais doloroso me fez até perder um pouco da fé na humanidade: alge. Sim, com L em vez de U.

No fim das contas, todo mundo, em algum momento da vida, não se ilude com sua própria narrativa?

Voltando ao livro, gostei muito da forma como Emily Giffin retratou como a morte de uma mãe afeta a dinâmica de uma família, a relação de idolatria e, principalmente, o amor pelo esporte que eu, como corintiana fanática, entendo muito bem. Apesar de ter algumas conveniências que tornaram os dilemas de Shea mais fáceis de resolver e ser um pouco previsível, Primeiro e Único não é um livro ruim: apesar de todos os pesares, ele apresenta as melhores e principais características de Emily Giffin – dilemas universais, como maternidade, casamento, trabalho e amor, de um ponto de vista inegavelmente realista.

Título original: The One and Only
Editora: Novo Conceito
Autor: Emily Giffin
Ano: 2014
Publicação original: 446

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