Quem acompanha o Além do Livro já deve ter percebido que, após assistir à adaptação de uma obra literária, eu costumo resenhá-la no Livro x Filme, comparando os dois formatos. No entanto, como li Cidades de Papel, de John Green, há exatos dois anos, não lembro de tantos detalhes e acho que seria injusto da minha parte compará-lo minuciosamente com o longa – principalmente porque não dá para dizer que eu amei o livro. Por isso, após assistir ao filme na pré-estreia, à convite da Intrínseca, decidi resenhá-lo de forma independente, mas com algumas pitadas do que lembro da obra original.
Antes de falar sobre o longa em si, quero tecer muitos elogios ao trio principal, formado por Nat Wolff (Quentin), Austin Abrams (Ben) e Justice Smith (Radar). Os três incorporaram os personagens perfeitamente e, mesmo sendo os protagonistas, roubaram a cena (será que isso é possível?) com uma química inegável. Cara Delevingne também foi a escolha perfeita para o papel de Margo Roth Spiegelman, mas tenho a impressão de que muito mais por ser realmente parecida com a personagem do que por ter se transformado nela.
Como disse no começo do texto, faz muito tempo que li Cidades de Papel e não consigo lembrar de muitos detalhes. No entanto, lembro o suficiente para saber que algumas piadas não existem no livro, mas foram sabiamente inseridas no filme, com um timing certeiro e perfeitamente executadas por Nat, Austin e Justice, que arrancam risadas dos espectadores. Outra coisa que me chamou a atenção de maneira positiva foi o visual do longa (principalmente a loja abandonada), que é muito parecido com o que eu imaginei quando li o livro.
O responsável por roteirizar Cidades de Papel foi Scott Neustadter, que tem em seu currículo as adaptações de A Culpa é das Estrelas (que eu adoro tanto em livro, quanto em filme) e O Maravilhoso Agora (que eu adoro enquanto livro, mas detesto enquanto filme)*. De qualquer forma, mesmo sem lembrar muitos detalhes de Cidades de Papel, ouso dizer que Neustadter fez mais um bom trabalho. Explico: eu amo a moral da história da obra de John Green, no entanto, preciso dizer que, para mim, a trama perde um pouco do ritmo e se torna cansativa. E como as adaptações, por melhores que sejam, sempre “editam” o livro, acredito que Neustadter fez um ótimo trabalho em “resumir” a história, que manteve a mensagem e a essência, mas, em vez de cansativa, se tornou envolvente.
Ok, eu não fiz a lição de casa e não quis reler Cidades de Papel antes de assistir ao filme. No entanto, confesso que peguei o livro para dar uma relida no final e fiquei com a sensação de que o desfecho do filme sofreu algumas alterações. No entanto, também fiquei com a sensação de que as mudanças foram bem-vindas e, o mais importante de tudo, que a história não foi romantizada, como Hollywood adooooora fazer. Em vez de dar prioridade ao romance em si, Cidades de Papel (livro e principalmente filme) valoriza a amizade e a lealdade, os meios e não o fim. E a conclusão é – guardem este momento, porque ele é raro: não é questão de ser melhor ou pior, mas, desta vez, a adaptação me agradou mais do que a obra original.
Título original: Paper Towns
Diretor: Jake Schreier
Ano: 2015
Minutos: 105
Elenco: Nat Wolff e Cara Delevingne
Avaliação: 5 estrelas
*Scott Neustadter é também o roteirista de Como eu era antes de você, de Jojo Moyes, que está em processo de pré-produção e deve chegar aos cinemas em junho de 2016.
[…] Cidades de Papel A adaptação do livro homônimo de John Green chega aos cinemas no próximo dia 9 de julho e é uma grata surpresa. Eu não amei Cidades de Papel quando li – o achei cansativo e sem ritmo, apesar de adorar a moral da história -, então já sabia que havia chances de que o filme superasse o livro. Mas a verdade é que a adaptação me surpreendeu e fiquei realmente encantada com o senso de humor e a forma como a trama foi adaptada, sem romantizações e enrolações. […]
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