Resenha de Maus: a história de um sobrevivente – Art Spiegelman

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Em Maus: a história de um sobrevivente, Art Spiegelman narra a trajetória do pai, o judeu-polonês Vladek Spiegelman, que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial. Vencedor do Prêmio Pulitzer em 1992, Maus é um clássico das histórias em quadrinhos e por ser um retrato fiel – e verídico – de um período tão importante da história mundial também transita pelos gênero de biografia, não-ficção e história.

Eu sempre gostei muito de ler sobre a Segunda Guerra Mundial, então é natural que os livros que se passam nesta época também me chamem a atenção. O grande diferencial de Maus, porém, é que a trama não é apenas uma recriação de fatos e, sim, uma história real de vida. Acredito que, por mais que a gente saiba que livros como A Menina que Roubava Livros O Menino do Pijama Listrado retratam com fidelidade as atrocidades da época, é mais intenso imaginar que tudo o que é narrado em Maus realmente aconteceu, ou seja, na verdade inspirou obras como as citadas acima.

Além de ser contada em quadrinhos e em preto e branco, a história de Maus usa os animais como alegorias para retratar os “personagens” da época. Os ratos (que dão o título ao livro, já que “maus” significa “ratos” em alemão) foram os escolhidos para representar os judeus, em uma clara referência à grande quantidade, à fragilidade e à insignificância do ponto de vista dos nazistas. E, como não poderia ser diferente, os alemães/nazistas são representados pelos gatos, o maior predador natural dos ratos.*

Dividido em duas partes (Meu pai sangra história, 1930 – 1944; e Aqui meus problemas começaram, de Mauschwitz às Catskill e mais adiante), Maus conta não só a trajetória de Vladek, como também os “bastidores”, que mostram as “sessões” em que Art escutava as histórias do pai, e o presente. Apesar da temática densa, a obra também conta com um toque de humor e sarcasmo, graças à relação sem cerimônias entre pai e filho.

Por ser uma historia verídica, é natural que Maus transpire intensidade e realismo e Art Spiegelman foi simplesmente genial – e corajoso – ao optar por não romantizar a vida de seu pai e, sim, apenas compartilhá-la com o mundo.

Título original: Maus, a survivor’s tale
Editora: Companhia das Letras
Autor: Art Spiegelman
Publicação original: 1991

*Poloneses não-judeus = Porcos
Franceses = Sapos
Americanos = Cachorros
Suíços = Renas
Russos = Ursos

Britânicos = Peixes

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12 comments

  1. Opa! Quadrinhos? Parabéns pela iniciativa! Gostei do texto!
    Se eu puder te sugerir algo, leia Habibi do Craig Thompson que além de fazer um trabalho artístico esplendoroso, faz um trabalho de pesquisa magnífico. Essa obra, ao meu ver, é umas das melhores novelas gráficas já publicadas.
    Quanto ao Maus, é tocante. O relato da segunda guerra e como essa história, de pai e filho, são contadas.
    Continue nas HQs!!!

  2. […] Maus: a história de um sobrevivente, Art Spiegelman Mais um relato verídico sobre a Segunda Guerra Mundial, Maus conta a história do judeu-polonês Vladek Spiegelman, pai do autor, que conseguiu sobreviver ao campo de concentração de Auschwitz. Em formato de graphic novel, a obra mescla passado e presente e, apesar de dar detalhes das atrocidades cometidas pelos nazistas, também mostra um lado menos nobre dos judeus e que não costuma ser retratado. […]

  3. […] Maus, Art Spiegelman Maus é o livro perfeito para quem se interessa pela Segunda Guerra Mundial, já que conta a história verídica de Vladek Spiegelman, um judeu-polonês que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz. Em formato de graphic novel, Maus mostra um lado diferente dos judeus, um lado mais real. […]

  4. […] Maus, Art Spiegelman Nunca havia lido graphic novels (só mangás) e essa foi mais uma novidade para mim no ano que passou: li o engraçadíssimo Hyperbole and a Half, da Allie Brosh, e o impressionante Maus, de Art Spiegelman. Embora completamente diferentes, as duas obras são (auto)biográficas e incríveis, mas, por tratar da Segunda Guerra Mundial (assunto que gosto muito), escolhi Maus como um dos melhores de 2015. […]

  5. […] Maus: a história de um sobrevivente, Art Spiegelman Em Maus: a história de um sobrevivente, Art Spiegelman narra a trajetória do pai, o judeu-polonês Vladek Spiegelman, que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial. Vencedor do Prêmio Pulitzer em 1992, Maus é um clássico das histórias em quadrinhos e por ser um retrato fiel – e verídico – de um período tão importante da história mundial, também transita pelos gênero de biografia, não-ficção e história. […]

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