CONTÉM SPOILERS DE INSURGENTE (LIVRO E FILME)!
Um ano se passou desde a estreia de Divergente e chegou a hora de assistir à adaptação cinematográfica do segundo volume da saga, Insurgente. Para ser bem sincera, já prevendo que ele seria pouco fiel à obra original, tentei desapegar da história de Veronica Roth e enxergar o longa como apenas um filme. Mas eu. Não. Consigo. É verdade que Shailene Woodley e Kate Winslet dão um show de atuação e o resto do elenco (de peso) também não deixa a desejar. Mas as divergências (RÁ!) que já existiam entre o primeiro livro e o primeiro filme foram agravadas em Insurgente e algumas são difíceis de entender e beiram o inaceitável. Tudo bem que ainda existem duas chances de reparação (os dois próximos filmes da saga), mas a verdade é que vai ficando cada vez mais difícil consertar esses pormenores. Enfim, segue uma humilde comparação:
* Eu soube que a Tris do filme não seria a mesma Tris do livro assim que assisti ao trailer, em que ela manipula armas de fogo sem qualquer problema. Para quem não leu Insurgente, esse é um detalhe irrelevante, mas quem leu sabe que, no segundo livro da série, Tris fica muito traumatizada por ter matado Will e não consegue mais manusear armas de fogo, nem mesmo quando está em perigo extremo. O filme explora o trauma de Tris transformando-a em uma garota violenta e cheia de raiva, em vez de paralisada pelo medo e pela culpa. Uma pena porque esse é um dos pilares de Insurgente, que não apenas sustenta a história, como nos leva a refletir sobre o que realmente é ser divergente na trama de Veronica Roth.
* Naomi Watts como Evelyn, a mãe do Four, está uma PI-A-DA. Porque: 1. ela é sem facção e, embora os sem facção de fato não sejam tão pobretões quanto nos fazem pensar em Divergente, ela está sempre penteada, maquiada, bem vestida e tem uma casa incrível; 2. eu acredito que os conflitos entre Four e a mãe não sejam muito expostos em Divergente (filme) e, em Insurgente (filme), continuam nebulosos, pois nada é explicado; 3. eu adoro a Naomi Watts e acho que ela personificou bem a personagem, mas ela definitivamente não parece mãe do Four. Além de não aparentar a idade que tem, Naomi tem apenas 16 anos a mais que Theo James. Por isso, quando soube que ela seria Evelyn, pensei que ia rolar uma maquiagem para envelhecê-la. Não rolou e o resultado é que ela parece, tipo, a irmã do Four.
* Na resenha de Divergente (filme), eu disse: “outra cena importante que, na minha opinião, fez falta foi a do Peter esfaqueando Edward. Primeiro porque, sem este evento, ele é apenas um personagem que pega no pé da Tris e não o mau caráter covarde que de fato é – e isso pode não ser suficiente para justificar alguns acontecimentos lá na frente. Além disso, sem ser esfaqueado, Edward não fica cego de um olho e não vai embora da Audácia. Então, de duas, uma: em Insurgente, ele vai aparecer do nada entre os sem-facção ou simplesmente será ignorado – eu voto na segunda opção”. Ponto para mim. Evelyn tem um braço direito entre os sem facção, sim, mas o nome do garoto não é pronunciado durante todo o filme e ele não é o ator que interpretou Edward em Divergente (a cena da faca, aliás, existe – só que nos extras do DVD).
* Sabe todo o jogo político entre Erudição, Audácia, Abnegação, Amizade e os Sem Facção? Pode esquecer. O filme foca no duelo entre Tris e Jeanine, ignorando quase completamente personagens como Marcus, Johanna e Tori – até mesmo Eric tem a participação bastante reduzida.
* Apesar de ser uma distopia young adult, a série Divergente é bem sisuda e não sobra tanto espaço para romance e piadas. No filme, o toque de humor fica por conta das tiradas irônicas do Peter, dos trejeitos atrapalhados de Caleb e, por incrível que pareça, da falta de compaixão de Jeanine Matthews – Kate Winslet, aliás, arrasou, como sempre.
* Apesar de ter bastante ação, Insurgente (livro) também conta com problemas típicos de relacionamentos “normais” entre Tris e Four, além de conflitos causados por desconfianças e segredos. No filme, nada disso existe e, se não fosse por toda a batalha que está rolando, os dois poderiam estar em lua de mel.
* Lembro que, quando li Insurgente, fiquei CHO-CA-DA com a traição do Caleb. Foi, tipo, um dos pontos altos do livro para mim. No filme, porém, o fato tem o impacto reduzido a quase nada e, assim, o personagem também perde a importância. Triste.
* Outra coisa que não ficou muito clara no filme foi: por que, afinal de contas, Peter resolveu ajudar Tris a escapar da simulação, se ele, em tese, a odeia e estava do lado de Jeanine? Quem sabe expliquem melhor no próximo filme.
* Logo no início do longa, aparece uma caixa que nem quem leu o livro sabe o que é. Acaba que é nela que está o vídeo que revela toda a verdade sobre a sociedade em facções. A criação da caixa foi uma forma inteligente de transformar em algo palpável o motivo da briga entre Tris e Jeanine. No entanto, quando o vídeo é exibido, quem leu Insurgente vai sentir falta do nome Edith Prior, que, por si só, já levanta suspeitas sobre a verdadeira ligação de Tris com toda a história.
* Se os efeitos especiais de Divergente deixam a desejar (especialmente na linda, porém pobre, cena da tirolesa), Insurgente é um espetáculo. Como sempre digo, não entendo bulhufas do lado técnico do cinema (nem do não técnico, mas ok), no entanto, dá pra perceber a qualidade dos efeitos especiais, além do uso de vários ângulos diferentes e inversões da câmera.
* Uma das coisas que eu amo em Divergente é a trilha sonora, que captou bem toda a essência do filme. As músicas de Insurgente são ok, mas não são tão marcantes e não se destacam. Senti falta.
* A título de curiosidade, as “garras” da simulação (que, até onde eu sei, não existem no livro) me lembraram as de Fahrenheit 451.
* Just for the record: Tris e Tobias NÃO FAZEM SEXO (e se fazem, não é em Insurgente).
* A pergunta que não quer calar: é sério que contrataram a vencedora do Oscar Octavia Spencer para aparecer por, tipo, uns três minutos e só?
* Pontos altos do filme: Tris Prior se revela uma grande cabeleireira ao cortar os fios curtinhos, com direito a efeito desfiado, camadas e reflexos; e Caleb Prior exibe, mais uma vez, sua desenvoltura e elegância para a corrida. (É brincadeira, mas não podia deixar de comentar).
Eu confesso que, na essência, livro e filme são praticamente idênticos. E até entendo a omissão ou alteração de alguns detalhes da história. Mas outros, como eu disse lá em cima, são praticamente impossíveis de entender ou aceitar. Estou curiosíssima desde já para saber como serão os próximos filmes da saga, mas cada vez espero menos fidelidade enquanto adaptação :(
Título original: Insurgent
Filme anterior: Divergente
Filmes seguintes: A Série Divergente: Convergente – Parte 1 e A Série Divergente: Convergente – Parte 2
Diretor: Robert Schwentke
Ano: 2015
Minutos: 119
Elenco: Shailene Woodley, Theo James, Ansel Elgort, Miles Teller, Kate Winslet, Naomi Watts, Octavia Spencer
Avaliação: 3 estrelas
Leia as resenhas de:
Divergente
Insurgente
Convergente
Bom, estávamos juntas e já discutimos tudo o que estava de errado no filme. Mas eu ainda quero reler só pra ter mais certeza ainda! Seria um filme legal, se não fosse uma adaptação bosta.
Melhor parte do filme: FOUR!!! \o/
Aí você relê e me conta. Porque eu não tenho mais paciência, não, hahaha!
A melhor parte do filme, além de todas que contêm o Four, é quando o Caleb corre <3
Pontos altos sobre a sessão de ontem:
– Atendente do cinemark – “O que?”;
– Caleb Correndo.
Vc vê q tem algo errado quando o ponto alto da noite envolve fatos aleatórios que não são importantes para o filme…
E eu tbm não consigo desapegar do livro em relação a adaptação… Um dia quem sabe.
=D
Hahahahahaha fato! Mas o que a gente riu nas duas ocasiões fez valer a pena hahaha
Caleb correndo = Meu irmão de 9 anos correndo.
No mais, Four <3
Não ofenda seu irmão! Hahahaha!
Adorei o post super fatp o que você disse.
Uma das coisas que minha amiga disse foi na parte que o Tobias, a Tris e o Caleb jantam com a Evelyn.
“OLHA ESSA MESA, POQUE TÂ COM COMIDA?? CADÊ AS LATINHAS DE FEIJÃO??”
Eu amo a série divergente, mas eu mais ri do que me concentrei no filme. Eu adoro crianças, ainda mais porque elas são sinceras, havia um menininho atrás de mim e ele fica perguntando para a mãe dele:
“Mãe, porque o nome dele é quatro?”
“Porque sim”
“Onde tá o número três? Mãe qual é seu número?”
Desde Percy Jackson não tenho muitas esperanças em filmes ㅜ.ㅜ
Exatamente, hahahaha! Já perdi as esperanças pros próximos dois filmes. Vou assistir, claro, mas vou tentar desvincular dos livros!
Concordei com você em tudo.. Eu via o filme e simplesmente não conseguia acreditar no que fizeram.. Tudo bem que não dava pra ser idêntico, mas teve MUITAS coisas que não deram pra aceitar.. Como exemplos, além dos que você já citou, a Johanna não age igual a do livro, não tem a cena da Tris toda felizinha depois do soro da Amizade, nem a que ela salva o Peter; e aquela cena do soro da verdade tbm foi horrível.. Além de que tudo aconteceu muito rápido.. Deveriam ter dividido Insurgente em dois filmes também.. Ou então fizessem algum tipo de mini-série, assim poderia ser mais fiel ao livro.
Sim! É o que sempre digo: entendo algumas mudanças, mas outras não dá, hahaha! O difícil é que, por ser série, as mudanças de um filme sempre interferem nos seguintes. Ou seja, vai chegar no segundo Convergente nem parecendo mais a história da Veronica Roth :(
[…] do primeiro filme da saga, mesmo tendo odiado algumas mudanças no final. Já a adaptação de Insurgente, embora muito melhor em efeitos visuais, me deixou com a sensação de não ter lido aquela mesma […]
A verdade eu adorei esse filme. Acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas. Realmente vale a pena todo o trabalho que a produção fez, cada detalhe faz que seja um grande filme. Além a escolha de elenco foi muito boa. Este é um dos filmes de Naomi Watts que eu mais gosto. Sendo sincera eu acho que a sua atuação é extraordinária e acho que o seu trabalho foi parte importante do sucesso do filme. Fez uma grande química com todo o elenco, vai além dos seus limites e se entrego ao personagem. A verdade é um filme bom e muito interessante.